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Coreia do Norte pede que Trump mude a política dos EUA para o país

Em editorial, jornal do partido único do país diz que tentativas americanas de desnuclearização são 'ilusão obsoleta'; gabinete da presidente sul-coreana, Park Geun-hye, informou que Trump se comprometeu manter aliança com o país

Por Redação Internacional
Atualização:

PYONGYANG - A Coreia do Norte afirmou nesta quinta-feira, 10, que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu futuro governo terão que lidar com um "Estado nuclear", e chamou as tentativas americanas de desnuclearização de "ilusão obsoleta". "Se há algo que o governo de Obama fez (....) foi colocar em grave perigo a segurança do continente americano", afirma o jornal do partido único do país em um editorial.

"Lega ao novo governo a carga de ter que fazer frente ao Estado nuclear de Juche", completa o jornal Rodong Sinmum, em referência à doutrina ideológica norte-coreana centrada na noção de "autossuficiência". O jornal não cita o nome de Donald Trump.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, são vistos em reportagem exibida em TV no metro de Seul, na Coreia do Sul ( Foto: AP Photo/Ahn Young-joon)

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Alguns especialistas pedem, há algum tempo, uma mudança no tratamento de Washington a Pyongyang. O coordenador do serviço de inteligência americano, James Clapper, afirmou no final de outubro que tentar convencer Pyongyang a renunciar ao programa nuclear é algo fadado ao fracasso.

Durante a presidência de Barack Obama, Washington se mostrou inflexível na postura de rejeitar uma Coreia do Norte nuclear, condicionando qualquer diálogo a um compromisso, com possibilidade de comprovação, do país com desnuclearização.

O jornal oficial norte-coreano cita os comentários de James Clapper para afirmar que existe um consenso geral para aceitar a Coreia do Norte como Estado nuclear. As autoridades americanas "devem tomar nota das declarações de Clapper. As esperanças americanas de desnuclearização da Coreia do Norte são uma ilusão obsoleta".

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Donald Trump não explicou durante a campanha qual será sua política específica para a Coreia do Norte, mas deu a entender que estava aberto a estabelecer negociações com o regime norte-coreano de Kim Jong-Un. "Se viesse aqui, aceitaria", afirmou em junho a simpatizantes em Atlanta.

Desde seu primeiro teste nuclear de 2006, a Coreia do Norte sofreu cinco séries de sanções da ONU. Depois do quinto teste nuclear, realizado em setembro, o Conselho de Segurança da ONU debate novas sanções.

Aliança. O gabinete da presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, informou que Trump se comprometeu a defender a Coreia do Sul sob uma existente aliança de segurança durante telefonema com a líder asiática ainda na quarta-feira.

Trump disse durante a campanha eleitoral que deseja retirar militares americanos da Coreia do Sul a não ser que Seul arque com uma parcela maior do custo de envio. Há cerca de 28,5 mil militares dos EUA na Coreia do Sul, em defesa conjunta contra a Coreia do Norte.

Park disse que a aliança entre os dois países cresceu à medida que enfrentaram diversos desafios nas últimas seis décadas e disse esperar que os laços se desenvolvam ainda mais. Ela pediu a Trump para se juntar aos esforços para ajudar a minimizar a ameaça do Norte.

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Trump concordou com Park e disse: "Seremos firmes e fortes no que diz respeito a trabalhar com você para proteger contra a instabilidade da Coreia do Norte", informou o gabinete da presidente sul-coreana. / AFP e REUTERS

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