Crescem denúncias de crimes ligados a raça e religião nos EUA
Pelo menos 300 ataques de ódio e intimidação foram registrados desde a eleição de Trump, na semana passada
Por Redação Internacional
Atualização:
Cláudia TrevisanCorrespondente / Washington
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Quando chegou à Igreja Episcopal de Nosso Salvador de Silver Springs, no domingo, o reverendo Robert Harvey encontrou uma das paredes pichadas com as palavras "Nação Trump Só Para Brancos". A mesma frase havia sido escrita atrás de um sinal que anunciava cultos em espanhol em uma rua nas imediações do templo.
Esse foi um dos pelo menos 300 ataques de ódio e intimidação registrados ao redor dos EUA desde a vitória de Donald Trump. Os principais alvos são imigrantes, muçulmanos, negros, homossexuais e mulheres. Para muitos seguidores do presidente eleito, o slogan "Tornar a América Grande de Novo" era uma promessa de retorno a uma era de domínio branco.
Cerca de 80% dos frequentadores da igreja de Silver Springs, no Estado de Maryland, são imigrantes da África e da América Central, disse o reverendo Harvey ao Estado. "Atendemos pessoas de 50 diferentes países e elas estão com medo. As crianças ficaram assustadas depois de ver os sinais." Harvey disse não saber quantos dos fiéis vivem em situação irregular nos EUA.
Os mais de 300 casos de ataques e intimidação registrados na última semana foram identificados pelo Southern Poverty Law Center (SPLC), entidade que monitora a ação de grupos de ódio dentro dos EUA. A maioria teve por alvo a população negra. Em seguida, aparecem os imigrantes, muçulmanos e integrantes da comunidade LGBTQ. Também há um número reduzido de ataques contra seguidores de Trump.
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"A polícia esteve na igreja na manhã de hoje e o episódio está sendo investigado como um crime de ódio, o que implica a participação do FBI", afirmou o reverendo. O aumento dos casos de intimidação também está sendo acompanhado pela American Civil Liberties Union (ACLU), principal entidade de defesa dos direitos civis dos EUA.
Várias escolas do país registraram casos de assédio a minorias, especialmente latinos, em que crianças ou adolescentes brancos ameaçam colegas de deportação ou repetem uma das principais palavras de ordem da campanha de Trump: "Construa o muro".
Protestos contra Trump após resultado das eleições americanas
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Protestos contra Trump após resultado das eleições americanas
Em Oakland, California, manifestantes queimam uma bandeira dos EUA para protestar contra o presidente eleito, Donald Trump, na madrugada de quinta par... Foto: EFE/Peter DasilvaMais
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Milhares de pessoas também foram às ruas em Denver, no Colocrado, se manifestarem contra a escolha do republicano para a Casa Branca Foto: AFP PHOTO / Jason Connolly
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Milhares de pessoas, com cartazes contra Trump e também com mensagens de amor e diversidade, protestam emMadison, Wisconsin Foto: Michael P. King/Wisconsin State Journal via AP
Protestos contra Trump após a vitória do republicano
Após a vitória do republicano Donald Trump, americanos protestaram em várias cidades dos Estados Unidos e no exterior. Na foto, fumaça de uma fogueira... Foto: AP Photo/Ted S. WarrenMais
Protestos contra Trump após a vitória do republicano
Estudantes protestam no campus da Universidade de Califórnia com a bandeira do México e a do movimento LGBT. Foto: Reuters/Max Whittaker
Protestos contra Trump após a vitória do republicano
Manifestantes na Universidade de Connecticut, em Storrs, com faixa "Trump não é meu presidente". Foto: AP Photo/Pat Eaton-Robb
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Manifestantechora enquanto participa de protestocontra a eleição de Donald Trump em frente à embaixada americana em Londres. No cartaz, a mensagem é "... Foto: AP Photo/Matt DunhamMais
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Em Berkeley, na Califórnia, estudantes protestam contra as propostas para apolíticade imigração do presidente eleito DonaldTrump. Foto: Reuters/Elijah Nouvelage
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Duas jovens seguram faixa que diz "mulheres asquerosas, se unam" (em inglês, "nasty women unite"), em referência ao comentário que Trump fez sobre Hil... Foto: Reuters/Elijah NouvelageMais
Protestos contra Trump após a vitória do republicano
Ativistas ambientais em protesto na Conferência do Clima, a COP22, no Marrocos. Foto: AP Photo/Mosa'ab Elshamy
Protestos contra Trump após a vitória do republicano
"Somos melhores que isso", diz cartaz de manifestante em frente à Casa Branca, em Washington. Foto: REUTERS/Kevin Lamarque
Entre os episódios relatados ao SPLC está o de uma escola em Illinois na qual um estudante com camiseta da campanha de Trump caminhava pelos corredores dizendo "adeus!" a colegas que usavam hijabs ou pareciam hispânicos. Em uma cidade da Carolina do Norte, o muro de uma esquina movimentada foi pichado com a mensagem "vidas negras não importam e seu voto também não".
No domingo, na primeira entrevista que concedeu desde sua eleição, Trump disse à rede CBS que havia uma quantidade "muito pequena" de casos de intimidação praticados por seus seguidores. Quando a apresentadora disse que os episódios eram numerosos, ele fez um apelo a seus simpatizantes: "Não façam isso". Em seguida, ele repetiu o apelo: "Se isso ajuda, eu vou dizer diretamente para as câmeras: parem com isso".