Dez situações em que os indicados de Trump entraram em contradição com o presidente eleito

Desde o início das sabatinas no Senado para aprovação dos nomes do novo gabinete, os escolhidos pelo presidente eleito Donald Trump discordaram dele em pelo menos dez ocasiões nos últimos dias

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Por Redação Internacional
Atualização:

Desde o início das sabatinas no Senado para aprovação dos nomes do novo gabinete, os escolhidos pelo presidente eleito Donald Trump discordaram dele em pelo menos dez ocasiões nos últimos dias. As contradições com as promessas de campanha feitas pelo republicano vão desde a mudança climática à Rússia. Trump, por sua vez, não parece se incomodar. Em um tuíte na manhã desta sexta-feira, 13, disse que todos os seus indicados estavam fazendo um bom trabalho. "Quero que eles sejam eles mesmos e expressem seus próprios pensamentos, não os meus!", escreveu.

O senador Jeff Sessions. Foto: Alex Brandon/AP

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1- Investigação contra Hillary Clinton

Trump: O tema é um pouco confuso para o republicano. Ele passou a campanha dizendo que escolheria um procurador especial com a única finalidade de investigar as ações de Hillary, que decidiu utilizar um servidor privado de e- mails quando era secretária de Estado. Depois, indicou que havia desistido dessa investigação. Em um tuíte recente, mais uma vez, mudou de ideia e disse Hillary era "culpada como o inferno".

Senador Jeff Sessions: O senador do Estado do Alabama, provável secretário de Justiça, demonstrou não estar de acordo com a posição de Trump. Ao ser sabatinado, afirmou que não concorda que uma disputa política seja transformada em uma disputa criminal. Sessions afirmou que ele, pessoalmente, se recusaria a conduzir tal investigação.

 

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O executivo Rex Tillerson. Foto: Doug Mills/The New York Times

2- Tratados comerciais

Trump: Durante a campanha, Trump afirmou que os EUA desistirão da Parceria Transpacífico (TPP), que ainda não foi ratificado, no primeiro dia de seu governo. Esse, segundo ele, seria o primeiro passo de seu plano de "sete pontos" para "reconstruir a economia americana", que implicaria na busca de tratados de livre comércio. O TPP é a principal iniciativa de comércio internacional do presidente Barack Obama.

Rex Tillerson: Escolhido para ser o secretário de Estado, o ex-CEO da ExxonMobil contrariou Trump e disse que não se opunha ao TPP. "Eu compartilho de alguns pontos de vista de Trump sobre se o acordo negociado serve a todos os melhores interesses da América."3- Mudança climática

Trump: Para o presidente eleito, não existe uma interferência direta entre a ação do homem e as alterações climáticas. Segundo ele, as mudanças climáticas seriam algo "criado pelos chineses e para eles" com o objetivo de tornar a indústria americana não competitiva.

Tillerson: Mais uma vez, o executivo cotado para secretário de Estado entrou em contradição com o magnata. Na mesma audiência em que foi sabatinado, afirmou que o risco das alterações climáticas existe sim e as consequências delas são sérias o suficiente para que alguma ação seja tomada.4- Mexicanos

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Trump: Os comentários discriminatórios contra os mexicanos foram a primeira grande polêmica que Trump se envolveu na campanha eleitoral. Em seu discurso inaugural, disse que o México não manda seus melhores cidadãos, mas sim "estupradores" e "traficantes de drogas". Depois, prometeu construir um muro na fronteira para conter a imigração pago pelos próprios mexicanos.

Tillerson: O indicado se referiu à frase do presidente eleito para demonstrar que pensa exatamente o oposto. Segundo Tillerson, ele jamais caracterizaria uma "população inteira com apenas um único termo". O executivo manifestou respeito pelo México, a que se referiu como "vizinho de longa data e amigo desse país".

 

O senador John McCain conversa com o general John Mattis. Foto: Jim Lo Scalzo/EFE 

5- Rússia na geopolítica

Trump: O republicano tem assinalado repetidamente seu respeito pela Rússia como prioridade, apesar de a elite da Inteligência americana apontar o envolvimento de Moscou nas eleições presidenciais, e minimizado a ação militar russa em seus países vizinhos, como Ucrânia.

General reformado John Mattis: A escolha do magnata para secretário de Defesa surpreendeu ao se posicionar de maneira contrária a do republicano durante a audiência ao afirmar que a Rússia "está tentando quebrar" a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ele afirmou ainda que o país, ao lado de China e terroristas, representa uma ameaça mundial.6- Rússia nas eleições

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Trump: Em sua entrevista coletiva, na quarta-feira, Trump admitiu pela primeira vez que Rússia possa estar por trás da ação de hackers contra os e-mails da equipe democrata. Mas jamais reconheceu quem ordenou a ação e com qual objetivo. Até então, ele alegava que não havia envolvimento russo nas eleições.

Deputado Mike Pompeo: O congressista do Estado do Kansas, escolhido para chefiar a CIA, afirmou que "está muito claro" o que aconteceu e estar convencido do envolvimento russo nos esforços para hackear informações democratas. Sessions também contradisse Trump e afirmou acreditar não tem razão para duvidar do envolvimento russo e nenhuma evidência apontaria o contrário.

O deputado Mike Pompeo. Foto: Al Drago/The New York Times

7- Resposta dos EUA à Rússia

Trump: O republicano tem tentado minimizar a ação dos hackers e afirmado que se trata de um argumento dos democratas que se recusam a aceitar a derrota nas eleições presidenciais, por isso, não vê sentido na medida de punição com a aplicação de sanções por parte do presidente Obama.

Pompeo: Para o provável futuro chefe da CIA, o envolvimento de Moscou requer agora uma "incrível e robusta resposta americana. Sob sua administração, Pompeo garantiu que a agência manterá "olhos abertos e acurados" sobre as atividades russas.8- Muro na fronteira

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Trump: Outra de suas principais polêmicas e promessa de campanha foi a de prometer construir um muro na fronteira com o México. A obra, segundo ele, seria paga pelos próprios mexicanos.

General reformado John Kelly: O militar foi designado para comandar o Departamento de Segurança Interna, responsável pela imigração. Ao ser questionado sobre a proposta pelos senadores, Kelly não foi convicto quanto à construção. "Uma barreira física em si não fará o trabalho."

9- Tortura

Trump: Em sua campanha, Trump afirmou que "tortura funciona". Segundo ele, jamais incentivaria seus oficiais a desrespeitarem a lei, mas poderia impulsionar alguma medida para ampliar as possibilidades em que a tortura é permitida, incluindo a técnica de afogamento.

Kelly e Mattis: Nesse aspecto, os dois indicados de Trump manifestaram, diante dos senadores, discordância com o presidente eleito. Kelly afirmou que os EUA jamais deveriam chegar perto de ultrapassar a linha quando se trata de técnicas de interrogatório. Mattis, quando questionado se hipoteticamente seguiria uma ordem de Trump para retomar os afogamentos, respondeu que "absolutamente não".

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Elaine Chao fala ao Senado. Foto: Chris Kleponis/AFP

10- Gastos com infraestrutura

Trump: O republicano afirmou que pretende gastar US$ 1 trilhão na próxima década para reconstruir a infraestrutura americana, como estradas, pontes e sistema de transportes. Ao mesmo tempo, seria mais um incentivo à economia, com a criação de muitos empregos.

Elaine Chao: Escolhida para ser a secretária de Transporte no governo Trump, Elaine diminuiu as expectativas sobre os planos de Trump. Ao falar aos senadores, Elaine, que já trabalhou na administração George W. Bush, disse que o governo não têm os recursos para executar todas as necessidades de infraestrutura dentro do país.

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