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Em baixa nas pesquisas, Trump vê debate como última chance de avanço

No confronto desta quarta-feira, último da campanha, republicano deve ir além das acusações contra Hillary e dizer que é vítima de ‘conspiração dos poderosos’ de Washington

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanENVIADA ESPECIAL / LAS VEGAS, EUA

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Em queda nas pesquisas e acuado por acusações de comportamento sexual predatório, o republicano Donald Trump deverá partir para o ataque e lançar a cartada do "outsider redentor" no último debate com a democrata Hillary Clinton antes da eleição, na noite desta quarta-feira em Las Vegas.

Tudo indica que sua investida irá além da candidata e envolverá acusações de fraude na votação, conluio entre os poderosos de Washington, ataques à imprensa e referências a supostas conspirações para evitar sua chegada ao poder.

Mulher posa ao lado de imagem de Hillary durante cerimônia de naturalização em Los Angeles 

Nesta terça-feira, Trump começou a usar em sua conta no Twitter a hashtag #drenaropântano, em uma referência à capital dos EUA, construída sobre um pântano. Nos dias anteriores, a hashtag preferida era #sistemacorrupto, usada pelo candidato para propagar a ideia de que a eleição de novembro será roubada - caso ele seja o perdedor.

Hillary chega ao debate com sua liderança turbinada por uma série de pesquisas que lhe dão uma vantagem média de 7 pontos porcentuais sobre Trump, segundo cálculo do site RealClearPolitics. Além de vencer nas intenções de voto em âmbito nacional, Hillary também está em primeiro lugar em quase todos os "swing States", os Estados que oscilam entre os Partidos Democrata e Republicano e são cruciais para o resultado da disputa.

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A situação de Hillary é tão confortável que sua campanha decidiu estender sua ofensiva para Estados tradicionalmente republicanos, que costumavam ficar fora do roteiro de publicidade e comícios da disputa eleitoral. Republicanos ganharam todas as eleições presidenciais no Arizona desde 1952. A única exceção foi o democrata Bill Clinton, em 1996. Em 2012, o presidente Barack Obama perdeu o Estado por uma diferença de 9 pontos porcentuais em relação ao adversário Mitt Romney.

Com pesquisas que mostram empate técnico no Arizona, a campanha de Hillary decidiu destinar US$ 2 milhões para anúncios no Estado, na esperança de repetir a façanha de 1996 de Bill Clinton. A primeira-dama Michelle Obama, que se tornou a mais poderosa cabo eleitoral da atual disputa, estará na quinta-feira no Arizona para defender a candidatura de Hillary. O senador Bernie Sanders fará o mesmo em evento marcado para hoje. Amanhã será a vez de Chelsea Clinton pedir votos para sua mãe no Estado.

A campanha também usará US$ 500 mil na promoção de nomes democratas em Indiana, Estado de Mike Pence, o candidato a vice-presidente de Trump. Valor semelhante será destinado a Missouri. Os recursos serão usados para promover Hillary e os candidatos do partido ao Senado e à Câmara dos Deputados, que atualmente são controlados pelo Partido Republicano.

Com a ofensiva, os democratas esperam retomar a maioria no Senado, que tem a atribuição de aprovar as indicações dos juízes da Suprema Corte dos EUA. O órgão máximo do Judiciário americano tem a palavra final em uma série de questões controvertidas no país, como aborto, porte de armas, financiamento de campanha e políticas de ação afirmativa.

Se ganhar a presidência, mas não tiver maioria no Senado, Hillary terá dificuldades para emplacar suas escolhas. Uma das nove cadeiras da Corte está vaga desde fevereiro, em razão da recusa da maioria republicana no Senado de aprovar o nome indicado por Obama para o lugar que era ocupado pelo juiz conservador Antonin Scalia. Analistas acreditam que há uma chance de pelo menos 50% de os democratas conquistarem maioria na Casa, mas consideram improvável um cenário de maioria democrata na Câmara dos Deputados.

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Ao estender recursos a Estados tradicionalmente republicanos, a campanha de Hillary também espera garantir uma vitória avassaladora para a candidata, o que debilitaria mais os questionamentos de Trump sobre a legitimidade da eleição. O bilionário usará o debate para tentar apresentar a adversária como corrupta e beneficiária de um complô que reúne a mídia e interesses econômicos internacionais.

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