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Em meio à transição nos EUA, Putin ameaça bombardear alvos da Otan

Presidente russo afirma que situação nas fronteiras de seu país com os limites da aliança militar é ‘alarmante'

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanCORRESPONDENTE / WASHINGTON

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A Rússia adotará medidas preventivas contra países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e poderá disparar mísseis contra alvos que veja como uma ameaça à sua segurança, disse nesta segunda-feira o presidente russo, Vladimir Putin, em entrevista ao cineasta americano Oliver Stone.

As declarações foram divulgadas no momento em que os EUA realizam a transição de um governo visto como hostil por Moscou para um chefiado por Donald Trump, o bilionário que elogiou Putin durante a campanha eleitoral, colocou em dúvida os compromissos de Washington com os países da Otan e prometeu melhorar o relacionamento com a Rússia.

Desde a campanha, Trump defende um melhor relacionamento com a Rússia de Vladimir Putin ( Foto: EFE/Roman Pilipey)

Putin se opôs ao ingresso na aliança militar de países do centro da Europa e do Leste Europeu que integravam a ex-União Soviética e vê com apreensão o aumento da influência ocidental em sua fronteira.

"Por que nós reagimos de maneira tão incisiva à expansão da Otan? Estamos preocupados com o processo de tomada de decisões. Quando um país se torna membro da Otan, é muito difícil resistir a pressões de um país tão grande como os EUA", disse Putin no documentário Ukraine on Fire, produzido por Stone e dirigido pelo ucraniano Igor Lopatonok.

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Segundo ele, a consequência é a utilização dos novos membros para a instalação de sistemas antimísseis, bases militares e sistemas de ataque. "O que se espera que nós façamos? Somos forçados a adotar medidas preventivas, isto é, mirar nosso sistema de mísseis para objetivos que, em nossa opinião, comecem a nos ameaçar. A situação é alarmante."

Diplomacia. A relação entre os EUA e a Rússia se deteriorou depois da invasão da Ucrânia e da anexação da Crimeia por Moscou, em 2014. Em reação ao que considerou uma violação de soberania, Washington impôs sanções econômicas à Rússia, o que levou a relação bilateral a seu pior nível desde o fim da Guerra Fria. Os laços também foram atingidos pela atuação de Moscou na guerra civil da Síria e pelos bombardeios realizados por suas forças a posições ocupadas por opositores do regime de Bashar Assad.

Trump conversou com Putin por telefone há pouco mais de uma semana, quando o presidente russo telefonou para parabenizá-lo pela vitória nas eleições americanas. De acordo com relato da conversa divulgado pelo Kremlin, os dois líderes concordaram em "normalizar" a relação bilateral e "cooperar" em uma série de questões.

Transição. O presidente eleito continuou nesta segunda-feira a série de encontros com políticos e personalidades do país para a formação de seu gabinete. Potenciais candidatos se sucederam em encontros com Trump, que os recebeu ontem na Trump Tower na Quinta Avenida, em Nova York. No fim de semana, o cenário foi um campo de golfe do republicano em New Jersey.

Trump também se reuniu nesta segunda-feira com executivos e apresentadores das cinco maiores redes de TV dos EUA. Uma fonte que participou do encontro disse à CNN que um dos pontos discutidos foi o acesso dos jornalistas ao presidente e integrantes de seu governo.

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Os participantes da reunião também defenderam a importância de Trump respeitar o trabalho dos repórteres que acompanham os presidentes americanos - em duas ocasiões na semana passada, a equipe do presidente eleito deixou de informar o seu paradeiro aos jornalistas.

Eleito há duas semanas, Trump ainda não realizou uma entrevista coletiva. Até ontem, ele concedera uma única entrevista, ao programa 60 Minutes, da rede CBS.

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