Redação Internacional
09 de outubro de 2016 | 22h57
Vinicius Neder*
Saint Louis/EUA
O segundo debate entre os principais candidatos a presidente dos Estados Unidos movimentou a Universidade Washington, em St. Louis, no Missouri, na noite deste domingo. O público em geral não tem acesso ao câmpus, mas alunos da universidade e pessoas credenciadas pelas equipes de campanha aproveitaram o clima agradável do fim da tarde para torcer por Hillary Clinton, candidata do Partido Democrata, ou Donald Trump, do Partido Republicano.
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Mesmo após a divulgação de um vídeo de 2005 em que Trump se refere com linguagem pejorativa a mulheres, um grupo de senhoras do condado de Saint Charles, que trabalha na campanha republicana, conseguiu credenciais para acessar o câmpus. No fim da tarde, elas carregavam cartazes e buscavam um lugar para assistir ao debate de um telão montado pelo canal de TV por assinatura Fox News.
Protesto contra Trump em Saint Louis. Foto: Paul J. Richards/AFP
“Precisamos fechar as nossas fronteiras, para que não tenhamos de ajudar pessoas que vêm do exterior”, disse ao Estado a corretora imobiliária Kathy Cox, que carregava um cartaz de apoio a Trump. Para a eleitora, Hillary Clinton representa “30 anos de corrupção”.
A representante de vendas Paula Murrell, que estava com Kathy, explicou que o grupo Verdadeiramente Trump foi formado no condado de Saint Charles durante as eleições primárias do Partido Republicano. Paula contou que apoia Trump desde o início, pois ela sempre vota pelos republicanos que vêm do mundo dos negócios.
“Voto pelo candidato”, disse Paula, contando que escreveu uma carta a Trump e recebeu uma resposta do candidato. “Trump é um homem de negócios bem-sucedido e vai usar suas habilidades para melhorar o governo. E ele ama este país”, completou.
Nas mãos dos jovens estudantes da universidade, era mais fácil observar cartazes de apoio a Hillary Clinton. A estudante Shivani Desai, do último ano do curso de ciência política, originalmente de Ohio, carregava um cartaz dizendo “Trump, minha vagina não é sua, nem o meu voto”. Ela estava revoltada com o comportamento de Trump no vídeo revelado pelo jornal The Washington Post na sexta-feira.
“Foi difícil para mim chegar ao final”, disse Shivani ao Estado. “Mas não foi surpreendente”, ponderou a estudante, lembrando que Trump já fizera anteriormente comentários machistas e homofóbicos. “O vídeo serviu realmente para realçar o quão nojento ele é”, afirmou Shivani.
A estudante voltará a Ohio para votar – o Estado é um dos mais importantes no sistema eleitoral americano, em que cada candidato leva os votos nos Estados em que sai vitorioso. “Estou realmente vibrando com a possibilidade de eleger a primeira mulher presidente”, disse Shivana.
A professora Caitlyn Collin considera surpreendente que mulheres sigam apoiando Trump após a divulgação do vídeo na sexta. Ela dá aulas sobre desigualdade social nos Estados Unidos no curso de sociologia da Universidade Washington, e circulava com um cartaz de apoio a Hillary. A professora chamou atenção para o fato de que, se Hillary ganhar em razão do machismo de Trump evidenciado no vídeo, será porque foi a primeira vez que ele falou mal de mulheres brancas.
“Um grande número de mulheres republicanas retirou seu apoio a Trump. Não retiraram antes, quando ele propôs construir um muro e falou contra imigrantes e muçulmanos”, disse Caitlyn.
* O repórter do ‘Estado’ viaja como bolsista do World Press Institute
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