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Empresário precisará adaptar estilo de liderança

Trump é detalhista, mas também furioso com assessores quando é contrariado e pouco afeito a passar muito tempo em reuniões

Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - Ele verifica cada fatura, examina cada luminária. É seu estilo de trabalhar. E isso terá de mudar. Donald Trump confiou seus negócios a um minúsculo círculo de executivos e esse grupo vai se expandir muito quando o presidente eleito tomar posse e passar a trabalhar na Casa Branca.

Trump sempre teve arroubos de fúria quando seus funcionários contrariaram suas decisões, algo que pode prejudicar sua presidência. Pessoas que trabalharam diretamente com ele afirmam que o republicano deve levar um estilo bem diferente de administração e liderança para o Salão Oval.

Presidente republicano eleito nos EUA, Donald Trump Foto: Win McNamee/Getty Images/AFP

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Ele lê pouco e toma decisões por instinto. Muitas vezes, escolhe à primeira vista as pessoas que contrata e está sempre concentrado em saber o que as pessoas pensam e falam a seu respeito. "Donald terá de fazer uma enorme transição da Trump Tower para os Estados Unidos da América", diz Louise Sunshine, primeira executiva contratada por Trump quando ele ainda começava nos negócios imobiliários.

Para governar uma nação de 320 milhões de pessoas, Trump terá de absorver uma imensa quantidade de informação que nunca precisou conhecer e controvérsias que podem explodir em questão de minutos. Seus ex-executivos dizem que ele é bom nisso. "Ele aprende rápido", afirma Barbara Res, que durante 18 anos foi sua principal executiva na área de construção. "Você não precisa explicar muito as coisas para ele."

A burocracia de Washington e o Congresso terão de se habituar a um presidente que não aprecia longas reuniões e não tem muita paciência com questões complexas, dizem seus assessores.

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"Ele vai querer alguém que leia as notícias e as transmita oralmente, sem se alongar muito", diz Barbara Res. "Ele se vangloria de nunca ter lido um livro. Não tem paciência para ficar em reuniões."

Ego. Trump descreve seu estilo de liderança como um "exército de um homem só". Em seu livro Think like a Billionaire (Pense como um bilionário), ele se qualifica como uma "pessoa que berra".

O que não será nada novo no Salão Oval, onde Bill Clinton, por exemplo, com frequência investia furiosamente contra assessores que o desapontavam.

Mas Trump seguirá quatro presidentes consecutivos que se orgulharam muito de compreender profundamente os pormenores políticos. O presidente Obama disse, em tom jocoso, que hoje conhece muitas áreas da política melhor do que seus assessores. George W. Bush, que se formou em Harvard, instituiu rígidos controles de cima para baixo e insistiu nos limites claros e definidos da autoridade.

Trump raramente obedece a cronogramas e nunca se preparou para reuniões. Quando uma questão é levada para ele, é preciso elogiá-lo e sempre dizer que o que ele propõe é o correto. Mas se conseguir convencê-lo de que a ideia é realmente dele, normalmente você obtém o que deseja.

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Vários antigos executivos do novo presidente afirmam que os funcionários sempre sabiam que a última pessoa a falar com o patrão sobre algum assunto em geral obtinha o que desejava. Essa característica era tão conhecida que pelo menos um executivo confessou que montava acampamento na frente da sala de Trump no final do expediente para ter certeza de que seria o último que o chefe ouviria antes de tomar sua decisão.

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Oposição. Trump também gosta de contratar pessoas que se opõem a ele. "Donald contrataria advogados que trabalharam contra ele em determinados projetos para não se oporem a ele num próximo. Ele costuma dizer 'mantenha seus inimigos por perto'", afirma Barbara. E esses contratados não foram isolados; alguns se tornaram importantes figuras em projetos de Trump.

Mas, no fim das contas, segundo ex-executivos, o presidente eleito confia mesmo é nos seus filhos já adultos e especialmente na filha mais velha. "Ele não tem amigos nos quais confia plenamente. Ele confia em Ivanka." "Ele provavelmente perceberá que não poderá fazer muita coisa em Washington como imagina", disse Dave Shiflett, coautor do livro de Trump The America We Deserve, publicado com vistas a uma possível campanha presidencial em 2020.

"Ele fala em secar o pântano, mas vai descobrir que há muita areia movediça ali. Muitas pessoas dentro do seu partido não o apreciam, como também muitos democratas. Ele está pagando o preço por ter feito esse tipo de campanha."

O novo presidente vai ter de decidir se mantém sua feroz e facciosa retórica de campanha ou vai trabalhar de modo mais brando para conseguir acordos, disse Leon Panetta, que foi chefe de gabinete e secretário da Defesa de Bill Clinton. / THE WASHINGTON POST

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