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FBI analisa novos e-mails do tempo em que Hillary era secretária de Estado

Às vésperas da eleição do dia 8, policiais avaliam se mensagens descobertas recentemente e no âmbito de uma outra investigação, são suficientemente relevantes para motivar a reabertura do caso que causou embaraços à democrata

Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanCORRESPONDENTE / WASHINGTON

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A 11 dias da eleição presidencial americana, o FBI anunciou nesta sexta-feira, 28, que analisará novos e-mails do período em que Hillary Clinton foi secretária de Estado, para determinar se eles são relevantes para investigação sobre o assunto encerrada há três meses. A decisão deu munição ao republicano Donald Trump e aumentou a incerteza em uma disputa na qual a vitória da democrata parecia garantida.

Em uma carta enviada a parlamentares republicanos, o diretor do FBI, James Comey, disse não saber se o material contido nos novos e-mail é "significativo" nem quanto tempo a agência precisará para analisar seu conteúdo. Em nota, o chefe da campanha de Hillary, John Podesta, disse que Comey deveria fornecer ao público de maneira imediata mais informações do que as contidas em sua carta de 11 linhas.

Candidata democrata à presidência dos EUA, Hillary Clinton ( Foto: AFP PHOTO / Jewel SAMAD)

"Nós não temos ideia do que são esses e-mails e o próprio diretor observa que eles podem nem ser significativos", afirmou Podesta. Segundo ele, o comunicado de Comey levou a interpretações de que a investigação encerrada há três meses foi reaberta, o que não é correto. "É extraordinário que nós vejamos isso a apenas 11 dias de uma eleição presidencial."

Na carta, o diretor disse que o FBI tomou conhecimento dos novos e-mails em um caso sem relação com o que analisou o uso de um servidor privado de internet durante a gestão de Hillary no Departamento de Estado. Comey informou aos parlamentares que agentes analisarão as mensagens para determinar se elas contêm dados confidenciais e se são importantes para a investigação encerrada há três meses.

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Rival. O anúncio deu oxigênio à campanha de Trump, que está atrás da adversária nas pesquisas e ainda se recupera da divulgação do vídeo em que se gaba de poder fazer o que quiser com mulheres por ser famoso.

"A corrupção de Hillary Clinton é de uma escala que nunca vimos antes. Nós não podemos deixar que ela leve o seu esquema criminal para o Salão Oval", declarou o candidato em New Hampshire, um dos Estados cruciais na disputa pela Casa Branca.

"Eu tenho grande respeito pelo fato de o FBI e o Departamento de Justiça estarem agora dispostos a ter a coragem para consertar o erro horrível que cometeram", ressaltou, em referência à investigação anterior, que concluiu não haver indícios de que Hillary tenha cometido crimes na gestão de dados confidenciais.

A decisão da candidata de utilizar um servidor privado de internet em sua passagem pelo Departamento de Estado é uma de suas principais fragilidades, usada com frequência por Trump para defender que ela deve ser colocada atrás das grades por ter potencialmente exposto informação classificada.

O cientista político Cal Jillson, professor da Southern Methodist University, disse que o anúncio do FBI dará fôlego ao discurso dos republicanos de que a democrata não pode ser eleita presidente porque corre o risco de ser processada e condenada criminalmente.

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Mas Jillson ressaltou que não há indício de que isso ocorrerá. Segundo ele, a investigação sobre os e-mails de Hillary é realizada sob a Lei de Segurança Nacional, pela qual uma pessoa só pode ser responsabilizada por comprometer informações confidenciais se o fizer de maneira intencional e consciente.

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Apesar de avaliar que o anúncio coloca uma "nuvem" sobre a campanha de Hillary, Jillson acredita que não será suficiente para mudar o cenário que indica vitória da democrata.

Citando fontes policiais, o New York Times disse que os e-mails foram encontrados em um dispositivo eletrônico que era compartilhado por Huma Abedin, uma das principais assessoras de Hillary, e seu ex-marido Anthony Weiner. Os e-mails foram localizados em uma investigação sobre o envio de mensagens sexuais por Weiner a uma garota de 15 anos. Abedin se separou de Weiner em agosto, depois de ele se envolver em escândalos sexuais.

PARA ENTENDER. Hillary Clinton usou uma conta de e-mail privada quando era secretária de Estado. Em setembro, o diretor do FBI, James Comey, anunciou ter concluído uma investigação sobre se ela lidou com informações sigilosas ao fazer essa opção. Comey criticou Hillary, mas não a indiciou. No entender de seus críticos, a então secretária pôs em risco o sigilo de uma série de informações classificadas como secretas ao abrir mão do uso das contas de e-mail oficiais do Departamento de Estado, que são devidamente criptografadas pelos organismos de segurança do governo. Até agora, no entanto, não ficou provado que a escolha de Hillary comprometeu algum segredo de Estado.

 

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