Ford cancela fábrica no México e cita Trump como um dos motivos

Empresa investirá para criar 700 vagas em Michigan por acreditar no ‘ambiente de negócios’ criado por Trump; diretor-executivo diz que não houve acordo com presidente eleito

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Por Redação Internacional
Atualização:

A montadora americana Ford anunciou nesta terça-feira, 3, que cancelará um investimento de US$ 1,6 bilhão para construir uma fábrica no México e decidiu investir na produção de carros elétricos nos Estados Unidos. A empresa citou como um dos motivos da mudança a eleição de Donald Trump. O governo do México lamentou a decisão.

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Como parte do novo plano de investimento em solo americano, a empresa pretende abrir 700 postos de trabalho em sua fábrica em Michigan. A Ford quer ampliar a produção de carros automáticos e sem motorista. O diretor-executivo da Ford, Mark Fields, disse que não houve acordo com o presidente eleito para abandonar o investimento no México. "Fizemos como estratégia de negócio, mas o ambiente para investir com a eleição dele está mais favorável", afirmou à CNN.

Fábrica da Ford no México. Foto: Mario Guzmán/EFE

O investimento inicial da Ford nos Estados Unidos será de US$ 700 milhões em um prazo de quatro anos.Fields ressaltou que o CEO da empresa, Bill Ford, conversou com Trump na manhã de hoje para comunicar a decisão. "É literalmente um voto de confiança em algumas das políticas que estão sendo desenhadas. Por isso nossa decisão de investir na nossa fábrica em Michigan", acrescentou Fields. O representante da empresa declarou que o foco em automóveis elétricos faz parte do compromisso da empresa de investir US$ 4,5 bilhões nesse tipo de veículo.

O governo mexicano criticou a decisão da Ford e prometeu buscar uma compensação financeira contra a decisão da companhia. "O governo do México lamenta a decisão da Ford. A empresa deverá compensar qualquer investimento que o nosso governo já tenha colocado em prática para a construção da fábrica", disse o Ministério da Economia mexicano em nota.

Desde a campanha eleitoral, Trump concentra suas promessas em retomar o investimento de empresas americanas no país, que tem regredido desde a desindustrialização acentuada a partir dos anos 90. O presidente eleito também criticou acordos de livre comércio como o Nafta, que facilitam o investimento em indústrias no México.

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Desde sua eleição, o magnata republicano criticou a Ford e sua principal concorrente, a General Motors, por investirem na produção de automóveis no México, onde os salários são mais baixos e a regulamentação é menos restritiva.

Hoje, Trump ameaçou a GM com a imposição de tarifas mais altas aos veículos que importe do México se continuar levando a produção para lá. "Ou os faz nos EUA ou paga uma tarifa mais alta na fronteira", tuitou.

Como candidato, ele falou em aplicar uma tarifa de 35% a veículos produzidos no México. A GM respondeu que as 190 mil unidades do modelo Cruze vendidas no ano passado foram montadas nos EUA e só uma pequena parcela, de 4,5 mil unidades, vem do México. / AFP

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