Hillary tenta prever reações de Trump no primeiro debate entre os candidatos

Magnata diz que pretende tratar adversária ‘com grande respeito’; evento deve ter a maior audiência desde 1980

PUBLICIDADE

Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON - Hillary Clinton e Donald Trump se enfrentarão nesta segunda-feira, 26, no primeiro debate presidencial do ano, um desafio complexo para a candidata democrata à Casa Branca, que terá pela frente um adversário imprevisível.

A tarefa se torna ainda mais crítica porque as pesquisas, que há alguns meses mostravam a ex-secretária de Estado como favorita, agora exibem números mais equilibrados a apenas sete semanas das eleições presidenciais de novembro.

 Foto:

PUBLICIDADE

Dezenas de milhões de americanos assistirão ao debate de 90 minutos, organizado pela Universidade de Hofstra, próxima a Nova York, e que deve quebrar recordes de audiência.

As expectativas e riscos para os dois candidatos são diferentes. Hillary tem muito mais experiência na vida pública, mas provoca pouco entusiasmo no eleitorado em geral. Ao mesmo tempo, Trump é um populista adepto de frase bombásticas, e ninguém espera que ele conheça de maneira profunda os temas fundamentais da agenda.

Debilitada recentemente por uma pneumonia que a afastou da campanha por vários dias, a ex-senadora de 68 anos representa a continuidade de oito anos da administração do atual presidente Barack Obama. Ela tem se preparado de maneira minuciosa para o debate.

Publicidade

Hillary analisa há várias semanas relatórios e estatísticas para contrapor a Trump, revê os debates organizados durante as primárias democratas e, de acordo com o jornal The New York Times, consulta inclusive psicólogos para tentar entender a personalidade do magnata e prever suas reações.

"Não sei qual Donald Trump vai se apresentar (ao debate). É possível que tente mostrar uma imagem presidencial e busque demonstrar uma gravidade que não teve até agora, ou que chegue com a ilusão de insultar e ganhar alguns pontos com isto", disse Hillary recentemente em um ato de campanha.

Para Wendy Schiller, cientista política da Universidade Brown, o exercício não é fácil para Hillary. "Seu instinto é estar orientada para políticas, mas seus simpatizantes querem que enfrente este cara diretamente, que o deixe incomodado". Esta opção é muito difícil para ela, afirma Wendy, "porque não é seu estilo".

Enquanto isso, seus eleitores "esperam que ela tenha uma dimensão presidencial, e isto inclui ser contida e educada. Esta pode não ser a estratégia mais efetiva para ganhar um debate", disse a cientista política.

Agora, depois da pneumonia, Hillary deve mostrar que goza de boa saúde, que é dinâmica e que está preparada para administrar sua campanha de forma transparente, disse Jennifer Lawless, da American University.

Publicidade

Tensão. O nível de responsabilidades é menor para Trump, de 70 anos, um candidato atípico e impulsivo, que em grande medida continua sendo rejeitado pela liderança tradicional do Partido Republicano e que nunca exerceu qualquer cargo público. Ele nunca enfrentou a pressão de um debate presidencial, mas ganhou fama como o apresentador de um reality show.

Para Wendy, Trump deve "recordar aos republicanos que ele é um republicano, que será um presidente republicano".

Jennifer, no entanto, destaca que ele precisa mostrar que "tem o caráter para ser presidente", o que significa "não ficar irritado ao atacar Hillary. Também deverá ser um pouco mais específico sobre suas propostas". Em resumo, todos sabem que qualquer passo em falso acabará sendo repetido sem trégua na televisão.

Trump disse que pretende tratar a adversária "com grande respeito", a menos que ela o trate "de uma forma específica. Neste caso, será o fim".

De acordo com Brian Fallon, diretor de imprensa da campanha de Hillary, ela "não irá ao debate buscando provocar Trump. Ela mostrará que conhece melhor todos os temas, tem autoridade e força para ser comandante-em-chefe. O contraste falará por si mesmo".

Publicidade

Trump não detalhou como está se preparando para o debate, mas enviou por e-mail um questionário a seus eleitores, com um pedido de ajuda. Entre as 30 perguntas ele buscou orientação sobre os temas a abordar, quais linhas de ataque priorizar (política externa, escândalo dos e-mails ou dúvidas sobre a Fundação Clinton) e até mesmo se deve utilizar no debate o apelido que criou, "Crooked Hillary" (Hillary Desonesta). "No cenário, será a sua voz. Este debate é um combate entre o povo americano e a máquina política que representa Hillary Desonesta", escreveu no e-mail.

O debate é o primeiro de três, que acontecerão em um período de três semanas, e será organizado por temas: direção em que os EUA avançam, prosperidade e segurança. O moderador será o jornalista Lester Holt, de 57 anos, uma personalidade respeitada que apresenta o noticiário noturno do canal NBC.

Trump não perdeu a oportunidade de reclamar do que considera um debate tendencioso. "Lester é um democrata. É um sistema com armadilhas. São todos democratas", disse Trump ao canal conservador FoxNews. / AFP

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.