Mais mulheres relatam terem sido abusadas por Trump

Jornalista da revista People e assistente de fotógrafo que trabalhou em propriedade do magnata dizem que foram beijadas e tocadas de forma imprópria e contra suas vontades em 2003 e 2005; candidatas em concursos de beleza promovidos pela magnata também relatam comportamento impróprio de Trump

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON e MIAMI, EUA - A jornalista da revista "People", Natasha Stoynoff, denunciou na terça-feira que o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, abusou dela em 2005 durante uma entrevista que ela fez com o magnata e a sua esposa, Melania, que naquela época estava grávida. Além dela, uma mulher da Flórida denunciou na quarta-feira a um jornal local que o candidato republicano à presidência dos Estados Unidos a "acariciou" no ano de 2003, no final de um concerto no hotel Mar-a-Lago, de propriedade do magnata imobiliário.

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Além desses novos casos, reportagem do jornal britânico "The Guardian" afirma que duas jovens que disputaram o título de Miss EUA 2001 relataram que Trump entrou em um trocador nos bastidores da competição enquanto várias mulheres estavam nuas. "Trump simplesmente invadiu o espaço, sem falar nada, e ficou lá olhando para nós. A atitude dele parecia ser algo do tipo 'estou fazendo isso por que posso'".

Já o site Buzzfeed ouviu quatro mulheres que disseram ter passado por situação semelhante durante a realização do concurso de beleza Miss Teen EUA 1997 - na época, algumas delas tinha apenas 15 anos. "Me lembro de colocar o meu vestido muito rapidamente porque eu estava pensando: 'meu Deus, tem um homem aqui'", afirmou Mariah Billado. ex-Miss Vermont Teen.

Há ainda uma situação considerada inapropriada registrada em 1992. Na ocasião, durante a gravação do especial de Natal da emissora CBS News, na Trump Tower, uma das câmeras registrou o magnata conversando com uma criança de 10 anos e sugerindo que a namoraria no futuro. "Vou namorar ela (a criança) daqui dez ano. Pode acreditar nisso?", diz o candidato republicano.

Detalhes. De acordo com o relato de Natasha publicado pela "People", em dezembro de 2005, a jornalista, que normalmente era responsável pela cobertura de Trump, viajou para Palm Beach, na Flórida, com o objetivo de entrevistar o casal por ocasião de seu primeiro aniversário de casamento. A entrevista também foi realizada no no hotel Mar-a-Lago, onde começaram com uma sessão de fotografias enquanto eles falavam "como estavam felizes durante o primeiro ano de casamento".

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Reprodução das reportagens da revista People e do jornal Palm Beach Post em que duas mulheres alegam terem sido abusadas por Trump 

"Quando tivemos um intervalo para que a Melania, que estava muito grávida, subisse ao apartamento para trocar de roupa para novas fotos, Donald quis me mostrar a mansão. Havia um 'tremendo' quarto, ele disse, que eu tinha a ver", relatou. "Entramos sozinhos no quarto, e Trump fechou a porta. Eu me virei, e em segundos, ele me empurrou contra a parede, e enfiou sua língua até minha garganta", lembrou a jornalista, afirmando que Trump estava "gordo" e que não pôde fazer nada para impedi-lo.

Depois de um minuto, segundo Natasha Stoynoff, o mordomo interrompeu para avisar que Melania estava pronta para continuar a entrevista. Antes da chegada de Melania, no entanto, Trump teve tempo para continuar a assediá-la: "Você sabe que vamos ter uma aventura (...) Vamos ter uma aventura, eu te digo", disse o magnata para Natasha.

"Naquele momento entrou Melania. E naquele momento Donald voltou a ser aquele marido carinhoso, como se nada tivesse acontecido", afirmou a jornalista, que seguiu com a entrevista e depois retornou para seu hotel, mas seu calvário não tinha terminado.

No dia seguinte ela tinha marcado uma massagem no spa do Mar-a-Lago, onde chegou atrasada 30 minutos. O massagista disse a ela que Trump ficou esperando sua chegada por 15 minutos no interior da sala de massagens e ao ver que não ela não aparecia, seguiu para uma reunião. "Deitei na maca, mas meus olhos estavam postos na maçaneta da porta todo o tempo. 'Aparecerá e este menino vai deixá-lo entrar comigo estando seminua'. Encerrei a sessão, me vesti e fui para o aeroporto", relatou.

O segundo caso também teria acontecido no Estado da Flórida. Segundo denunciou Mindy McGillivray ao jornal "Palm Beach Post", o fato ocorreu após um recital feito por Ray Charles no hotel Mar-a-Lago, onde tinha ido outras seis vezes trabalhando para o fotógrafo da propriedade, Ken Davidoff.

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De acordo com o relato da mulher de 36 anos, em um dado momento, estava de pé nos bastidores ao lado do fotógrafo observando o intérprete e a sua direita estava Donald Trump, juntamente com sua então noiva, Melania, quando de repente sentiu ter sido agarrada e depois um "empurrão".

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"De repente senti um toque, um pequeno empurrão. Achei que era a bolsa da câmera de Ken, foi meu primeiro instinto. Eu me viro e vejo Donald. Ele desvia o olhar rapidamente. E eu rapidamente volto a olhar em direção a Ray Charles e fico atordoada", relatou a mulher, que contou imediatamente o fato ao fotógrafo. "Foi muito perto do centro das minhas nádegas. Me assustei e pulei", afirmou.

Mindy disse ao jornal que há dois anos teve outro encontro com Trump no mesmo hotel, quando voltou a exercer a função de assistente de Davidoff na festa de véspera de Ano Novo e o magnata a abordou saindo do banheiro e fez um comentário sobre o tempo. "Ele tinha um tom cortês, estava flertando totalmente", disse a mulher.

As denúncia de Natasha e Mindy ocorrem pouco depois de outras duas mulheres revelarem ao "The New York Times" que o candidato republicano abusou delas sexualmente, uma em um avião, há três décadas, e a última, em 2005, dentro de um elevador.

A campanha de Trump, por sua parte, negou a veracidade de todas as acusações e afirmou que se tratam de relatos de "ficção" e de "ataques políticos" contra o candidato republicano. / EFE

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