O machismo tóxico de Donald Trump

Refugiar-se no machismo tradicional é abraçar um mecanismo de defesa que funciona entorpecendo um homem e suas emoções

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Por Redação Internacional
Atualização:

Jared Yates SextonTHE NEW YORK TIMES 

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Cresci numa família de trabalhadores em uma cidadezinha de Indiana. Minha vida tinha apenas algumas certezas: o medo de perder tudo, a frustração com um mundo fora de controle e a necessidade de "ser homem". Donald Trump não é novidade para mim. Seu machismo, sua inclinação a dividir a humanidade em perdedores e vencedores, sua falta de empatia, isso tudo me lembra de casa - e da noção que eu tinha de um sistema de privilégios que castigou este país, mas hoje parece estar se dissipando.

Refugiar-se no machismo tradicional é abraçar um mecanismo de defesa que funciona entorpecendo um homem e suas emoções. São medos vindos da infância, que a maioria dos homens consegue superá-los. Mas nem todos. Nesses, o machismo torna-se tóxico.

Candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump ( Foto: REUTERS/Mike Segar)

Embora esse tipo de machismo possa proteger temporariamente as pessoas das pressões do dia a dia, acaba roubando suas vidas. Dados mostram que homens, especialmente os brancos que são a maioria da base de Trump, estão sofrendo essa tendência.

De 2009 a 2014, enquanto a taxa de mortalidade caía para a maioria dos americanos entre 22 e 56 anos, subia para os brancos de meia-idade, com a maioria das mortes nesse segmento ligada ao que especialistas chamam de "morte pelo desespero": overdose de drogas, cirrose decorrente de alcoolismo e suicídio, todas consequência de mecanismos de adaptação pouco saudáveis.

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Nossa economia deixou muitos desses homens para trás. Por isso, não me surpreendo ao ver os mais radicais apoiando Trump. Sejam quais forem seus motivos para degradar as mulheres, esses seguidores ouvem no magnata o eco do próprio desespero. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ

É PROFESSOR DE ESCRITA CRIATIVA NA UNIVERSIDADE DO SUL DA GEÓRGIA

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