Orgulho por magnata aterrissa em Washington

Capital do país, na qual Hillary teve mais de 90% dos votos, ganha tom vermelho

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Por Redação Internacional
Atualização:

Cláudia TrevisanCORRESPONDENTE / WASHINGTON

Com 16 anos, Stephen Smith não tem idade para votar, mas começou a fazer planos para assistir à posse de Donald Trump assim que o republicano venceu a eleição de 8 de novembro. Depois de várias tentativas frustradas, ele conseguiu dois ingressos para a cerimônia e ontem voou de Atlanta para a capital dos EUA com seu pai, Clark Smith, de 53 anos.

Stephen Smith, de 16 anos, e seu pai, Clark Smith, viajaram de Atlanta para assistir à posse de Trump. Foto: Cláudia Trevisan/ESTADAO

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A dupla integra a legião de seguidores de Trump que mudaram a paisagem política de Washington com bonés vermelhos estampados com o slogan "Make America Great Again". A capital americana é uma das cidades mais democratas dos EUA e mais de 90% de seus votos na disputa presidencial foram para Hillary Clinton.

"Trump não tem papas na língua e não é politicamente correto", disse Stephen. Clark afirmou que há uma falta de compreensão em relação a algumas propostas de Trump que, segundo ele, alimentam imagens negativas do presidente eleito. "Desde quando proteger as nossas fronteiras é ser racista?"

Os dois assistiram ontem ao primeiro evento das festividades de posse de Trump, em frente ao Memorial Lincoln, o mesmo lugar em que Martin Luther King Jr. apresentou seu sonho de um país inclusivo na Marcha sobre Washington em 1963. Um dos oradores do evento de mais de cinco décadas atrás foi o senador John Lewis, alvo recentes de Trump no Twitter.

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O veterano do movimento pelos direitos civis declarou que não participará da posse de hoje por considerar o presidente eleito ilegítimo. O republicano respondeu com a afirmação de que Lewis só fala e não age, o que foi visto como um comentário desrespeitoso sobre sua trajetória.

Grande parte dos fãs de Trump que começaram a ocupar Washington ontem veio das pequenas cidades que garantiram sua vitória. A eleição revelou uma profunda divisão entre a América rural e das grandes cidades, na maioria das quais Hillary Clinton liderou a votação. O comportamento dos eleitores refletiu diferenças de valores e um choque entre a visão conservadora do interior e as posições mais liberais dos grandes centros urbanos.

O casal Alba e Cliff Yates voou na quarta-feira de La Verne, uma cidade de 32 mil habitantes da Califórnia. Com um gorro estampado com USA e decorado com botom de campanha de Trump, Alba disse que votou no bilionário por desejar mudança. "Ele vai tornar a América grande de novo." Nascida em Cuba, ela se mudou para os EUA quando era criança.

Beau Patton, de 20 anos, viajou para Washington em um ônibus de campanha estampado com o slogan "Make America Great Again". Funcionário de uma casa de repouso, ele mora em Dalton, na Geórgia, uma cidade de 33 mil habitantes. Como muitos republicanos, ele é religioso e contrário ao aborto.

"Deus colocou Trump em nosso caminho. Sua eleição foi algo muito importante para os cristãos", disse Patton, referindo-se ao candidato que se gabou de poder fazer o que quiser com as mulheres por ser famoso. O morador de Dalton viu sua viagem de nove horas para a posse de Trump como a realização de um desejo divino.

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Patton mostrou-se crítico em relação às pessoas que pretendem protestar contra o novo presidente. "Eu não acredito que esse é o momento para protestos. É um privilégio ter Trump como presidente."

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Presidente do Partido Republicano do Condado de Whitfield, onde fica Dalton, Dianne Putnam viajou a Washington no mesmo ônibus que Patton. "Eu apoiei Trump desde o momento em que ele desceu as escadas rolantes da Trump Tower para anunciar sua candidatura", disse Putnam, referindo-se ao dia 16 de junho de 2015, quando a vitória do bilionário parecia impossível. "Desde aquela época eu sabia que viria a sua posse." Segundo ela, cerca de 60 pessoas de Dalton tinham planos de ir à cerimônia de hoje, que seria a primeira do tipo para a maioria delas.

"Nós estamos todos super entusiasmados. Será uma experiência única", afirmou. Como quase todos os seguidores de Trump, Putnam elogia seu desprezo pelo politicamente correto.

Entre as primeiras medidas do novo governo, ela gostaria de ver a revogação do Obamacare e o aumento da segurança nas fronteiras. Acima de tudo, ela quer que Trump faça os EUA serem grandes de novo, sem especificar o que isso significa na prática.

Durante a campanha, muitos interpretaram o slogan como uma visão nostálgica do passado em que o país era mais branco e menos liberal. "Este não é mais o país em que eu cresci."

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