Trump, de azarão a figura do ano

Revista 'Time' diz que título não é honraria, mas o vaidoso presidente eleito comemorou como tal

PUBLICIDADE

Por Redação Internacional
Atualização:

Vaidoso e obcecado pela própria imagem, como descreveu recentemente um de seus biógrafos, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, obteve sua recompensa máxima ao ser eleito Personalidade do Ano pela revista Time.

Segundo a publicação, para o bem ou para o mal, Trump foi o personagem que mais influenciou os fatos em 2016. "Por culpa de Donald John Trump, independentemente do que vier a acontecer, nada será como antes", concluiu a revista.

Capa da revista 'Time' traz Trump como a Personalidade do Ano. Foto: Time

PUBLICIDADE

Segundo a Time, a tradicional escolha não é uma honraria, mas Trump a celebrou como tal. "É uma honra tremenda", afirmou o magnata em entrevista ao programa Today, da emissora NBC.

O presidente eleito não gostou muito do título da reportagem que explicou a escolha - Presidente dos Estados Divididos da América. Mesmo assim, correu logo cedo, às 7h18, para seu canal de comunicação favorito, o Twitter, para anunciar que estaria ao vivo na NBC para comentar a escolha.

"A Time é uma revista muito importante. Tive muita sorte por estar em suas capas várias vezes neste e no ano passado", disse Trump a Matt Lauer, apresentador do Today. Ele se referia às várias publicações da Time sobre o então candidato presidencial do Partido Republicano.

Publicidade

As abordagens, nem sempre, foram positivas. Em agosto, por exemplo, a revista falou sobre como sua campanha estava se esfacelando.

Duelo. No ano passado, Trump criticou a escolha da chanceler alemã, Angela Merkel, como Personalidade do Ano. "Eles (Time) elegeram a pessoa que está arruinando a Alemanha", reclamou o magnata na época. Em 2013, o bilionário disse que a lista das pessoas mais influentes da revista era uma "piada" e a publicação em breve "quebraria".

Mas a vaidade do presidente eleito falou mais alto e ele recebeu a equipe de jornalistas da revista, chefiado pela editora-chefe, Nancy Gibbs, na luxuosa cobertura de três andares onde vive, na Trump Tower, em Manhattan, Nova York.

O texto assinado pelo jornalista Michael Scherer descreve como a trajetória do magnata nos últimos dois anos o transformou na voz da classe trabalhadora dos Estados Unidos.

"O que espanta muitas pessoas é que estou sentando em um apartamento que elas jamais viram igual e ainda assim represento os trabalhadores do mundo", afirmou Trump ao jornalista, como relata a reportagem.

Publicidade

"O falecido Fidel Castro provavelmente cuspiria seu charuto se ouvisse aquele homem - um bilionário marcado pelos excessos - reivindicando os slogans do proletariado. Mas Trump não está nem aí," escreve o jornalista no texto.

PUBLICIDADE

Fenômeno. Ao analisar os acontecimentos dos últimos anos nos Estados Unidos que possibilitaram a chegada de Trump ao poder, a reportagem avalia que, ao tentar condenar o "lado sombrio" da política do país, a campanha da candidata democrata Hillary Clinton acabou por, acidentalmente, validá-lo.

"Ao acreditar no mito de que a eleição de Barack Obama representou uma mudança permanente na nação, ela (campanha) provou que isso era efêmero. No fim, Trump se revelou nessas denúncias, que acabaram ajudando a projetar para seus militantes sua determinação em esmagar a elite existente", escreve a revista.

"Esse é um país onde muitos dos que se sentem desamparados, sem poder, têm um novo campeão, onde a frustração deu lugar à empolgação e onde a política acabou se tornando o maior show da Terra", escreveu a Time. / COM THE NEW YORK TIMES

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.