Trump rejeita acusação da CIA de interferência russa nas eleições

Republicano pede para país ‘seguir em frente’; ao mesmo tempo, cresce pressão para que delegados mudem voto no Colégio Eleitoral

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Por Redação Internacional
Atualização:

WASHINGTON- O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e membros do Partido Republicano rejeitaram as acusações da CIA (a agência de Inteligência americana) de que a Rússia interveio na eleição presidencial para ajudar o magnata a chegar à Casa Branca. Enquanto isso, cresce campanha interna para que delegados desistam de votar em Trump na eleição do Colégio Eleitoral, no dia 19.

Presidente eleito dos EUA, Donald Trump ( Foto: REUTERS/Shannon Stapleton)

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Segundo reportagem do Washington Post de sexta-feira, a interferência russa nessas eleições foi além do objetivo de apenas minar a confiança no sistema eleitoral dos EUA, como acreditava-se anteriormente.

Agências de inteligência avaliaram que à medida que a campanha se desenhava, autoridades do governo russo prestaram crescente atenção em auxiliar os esforços do magnata na conquista da eleição, afirmou à agência Reuters uma autoridade americana próxima da descoberta.

Citando autoridades com entendimento do assunto, o Washington Post relatou na sexta-feira que agências de inteligência identificaram indivíduos com ligações com o governo russo que providenciaram milhares de e-mails hackeados do Comitê Nacional Democrata e outros, incluindo do chefe da campanha presidencial de Hillary Clinton, ao WikiLeaks.

No fim da noite de sexta-feira, um comunicado da equipe de transição de Trump deixou claro as profundas divisões que emergiram entre a campanha republicana e as agências de inteligência sobre o papel da Rússia nessas eleições. "Essas (agentes da CIA) são as mesmas pessoas que disseram que Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa", afirma o comunicado.

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"As eleições terminaram muito tempo atrás e foi uma das maiores vitórias do Colégio Eleitoral da história. Agora é hora de seguir em frente e 'Fazer a América Grande de Novo'", diz o comunicado citando o slogan da campanha republicana.

Mas apesar do comunicado alegar que a vitória de Trump foi uma das maiores do Colégio Eleitoral, cresce nos EUA uma campanha interna para que delegados dessa entidade - que normalmente apenas referendam a vitória do dia de votação - desistam de votar no magnata e se unam em torno de outro nome republicano.

Na segunda-feira, um dos 38 delegados do Texas, Chris Suprun, disse que não votará em Trump, já que seu papel é "eleger um presidente, não um rei". O delegado, um paramédico de Dallas, inicialmente apoiava o empresário, mas mudou de opinião após ver Trump "atacar a Primeira Emenda" - que garante a liberdade de expressão e religiosa - promover seus interesses comerciais pelo mundo. Outro delegado no Texas, Art Sisneros, renunciou na semana passada para não ter de votar para Trump. Eleitores do Estado elegerão seu substituto até o dia 19.

Um grupo de quatro delegados democratas do Colorado e de Washington têm feito campanha para tentar convencer eleitores dos dois partidos para se unirem por outro candidato republicano, alegando que Trump não se encaixa no papel de presidente.

Em um comunicado para desmentir que seu nome seria uma opção, o governador do Estado de Ohio, John Kasich, pediu aos delegados para não votarem nele como um ato de protesto contra Trump. Kasich, um republicano que concorreu às primárias do partido, afirmou que o país precisa de unidade e ele não é candidato.

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Mas o próprio governador - um crítico ferrenho de Trump, que sempre se negou a apoiá-lo - recorreu ao voto de protesto ao escrever na cédula, no dia da votação, o nome do senador do Arizona John McCain para presidente. / REUTERS, AP e W. POST

Para entender: 

Após garantir o número de delegados no dia de votação nos EUA, o candidato à presidência precisa passar pela eleição do Colégio Eleitoral, que normalmente confirma o resultado. A instituição tem 538 eleitores, que correspondem aos 535 membros do Congresso mais 3 adicionais do Distrito de Colúmbia. O candidato que receber a maioria absoluta de 270 votos no Colégio Eleitoral é eleito presidente. Dos 50 Estados americanos, 29 são obrigados a seguir orientação do partido e 21 estão livres para mudar o voto.

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