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Todos os caminhos levam a Berlim

Fim de semana em Berlim: Parada do Orgulho Gay, Festival de Música com Bixiga 70 e mais uma etapa do conflito entre Alemanha e Turquia

A Parada do Orgulho Gay, Christopher Street Day, (CSD, na sigla) tem um gostinho especial na edição 2017. Nos últimos dias, as câmaras baixa e alta, ratificaram a lei que coloca o casamento homoafetivo no mesmo patamar jurídico (e consequentemente social) do casamento entre homem e mulher.

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Por Fátima Lacerda
Atualização:

Na sexta-feira (21) a lei passou pela última etapa burocrática: o presidente e socialdemocrata, Frank-Walter Steinmeier, assinou a lei que entra em vigor a partir de 01 de outubro. O momento do trâmite político-brocrático da nova lei não poderia ser mais propício. Um dia antes da Parada do Orgulho Gay, evento de grande magnetismo e de grande visibilidade e motivo para turistas, de todas as partes do continente, viajarem para a cidade mais gay da Europa.

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Exercitanto desobediência institucional, os ministérios das quais as pastas são ocupadas pelos social-democratas, esses que são só alegria com o passar da lei ao mesmo tempo que tentam contabilizar votos em ano de eleição.

Chanceler Merkel, do partido CDU, tem o chamado "Bônus do Cargo". São os social-democratas e seu candidato Martin Schulz que precisam correr atrás do prejuízo.

Mesmo com a proibição do partido de Merkel, os ministérios das Relações Exteriores (foto), da Justiça e do Trabalho tem em suas fachadas, a bandeira do arco-íris. Usando as #Hashtags no Twitter, políticos dos Verdes, com seu carro-chefe e autor da lei, Volker Beck, assim como o chefe do partido Cem Ödemir postam fotos "celebrando o casamento homoafetivo".

Com os social-democratas não é diferente. Porém, dá-se a Beck o que é de Beck. O Verde, Volker Beck lutou durante 30 anos para que, na Alemanha, essa lei se tornasse realidade. Um grupo participante da Parada não deixou de prestar devida homenagem com a faixa "Obrigada, Volker Beck".

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"Festival das Águas" - Wassermusik Festival 2017

Mesmo que o verão berlinense se mostre mais temperamental e marrento que a Maria Bethânia. Mesmo assim: o "Wassermusik Festival", que vai de 20 de julho de 21.07 a 13 de agosto, sempre nos fins de semana (sextas e sábados) não se faz de rogado, ainda mais em sua edição de aniversário de 10 anos. Lá atrás em 2008, o festival iniciara tímido, mas já trazia atração de Terra Brasilis, Dori Caymmi. Desde então foram muitos brasucas a marcarem presença no Festival. A concepção do cartaz (foto acima) tem a assinatura de Pedro Strukelj, fera em desenhos e caricaturas.

A décima edição não tem uma região costeira do mundo como tema. Como o festival se estabeleceu como evento de peso no calendário musical do verão berlinense, os organizadores decidiram fazer o festival o próprio tema. Então é assim: artistas que tiveram participação memorável, estão de volta. Outros considerados pelos curadores em edições anteriores, mas que por questão de agenda, estavam impossibilitados.

Música brasileira na área

21/07:  Bixiga 70

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12/08: Moreno Veloso e o Dinossauro da Bossa Nova, Marcos Valle

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Também sempre foi de praxe do festival, arrematar a noite com uma projeção de filmes da região dos artistas que acabaram de se apresentar. Depois do show da banda paulista, Bixiga 70 haverá a exibição do filme "5 vezes Chico" (2105), dirigido por Gustavo Spolidoro.

Na noite da apresentação de Marcos Valle e Moreno Veloso será a vez de "Aquarius" do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho que será exibido no terraço com vista para a maior área verde de Berlim, o Tiergarten. Neles, os sangue azul de épocas de outrora, faziam seus passeios nas tardes de domingo.

Alemanha-Turquia - nova etapa de conflito 

Nesta semana foi exibido mais um capítulo do conflito entre os dois países. A revista "Politico" publicou um artigo que anuncia "O fim da paciência" do governo alemão com as tiradas alopradas e insanas do ditador turco, Recep Tayyip Erdogan. Comparações com o nazismo ou "A Alemanha está cometendo suicídio" são só algumas das declarações que ocupam a imprensa mais e menos séria, programas de cunho político na TV e os #hashtags do Twitter.

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O caso essencialmente grave desta semana foi a prisão do ativista para questões de Direitos Humanos, Peter Steudtner (Amnesty International). Junto com seu colega sueco, Ali Gharavi, Peter foi preso enquanto palestrava em um Workshop em Istambul com representantes de ONG's e ativistas sob o tema de como lidar com pressão e instrumentos de repressão de governos antidemocratas na luta pelos Direitos Humanos.

Entre os detidos estavam também a diretora regional da Amnesty Internacional alemã, Idil Eser. O mandado de prisão teve a acusação de "Apoio à associações terroristas". É importante ressaltar que desde a tentativa de Golpe de Estado na Turquia em 15 de julho de 2016, o aparato judiciário foi "trocado" por juízes a favor da política repressiva de Erdogan e a caça a jornalistas e de qualquer mídia  ou voz independente ser tornou uma das prioridades do governo Erdogan.

A prisão dos 3 ativistas pelos Direitos Humanos nesta semana, levaram o relacionamento diplomático entre a Alemanha e a Turquia a um novo patamar de gravidade.

 Sigmar Gabriel, Ministro das Rel. Exteriores, interrompeu suas férias no Mar do Norte e citou o embaixador turco no ministério em Berlim "para dar explicações". O embaixador turco saiu do encontro garantindo "comunicar, de imediato, o desejo do governo alemão" para que os ativistas sejam libertados prontamente.

Ainda na lista dos perrengues diplomáticos com a Turquia, consta o correspondente Deniz Ücel, cidadão turco-alemao e correspondente do jornal Die Welt em Istambul. A jornalista e tradutora Mesale Tolu Corlu também se encontra atrás das grades.

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Em ano de eleição é tudo mais complexo. Enquanto Merkel tem rabo preso com Erdogan no contexto do "Acordo de Refugiados", no qual a Turquia recebe milhões da UE para manter os refugiados longes das fronteiras europeias, Merkel precisa de Erdogan mais do que nunca. Uma nova edição da "Crise dos Refugiados" seria a perda certa das eleições agendadas para 24 de setembro. Sigmar Gabriel, o Ministro das Rel. Exteriores e socialdemocrata precisa do perfil do Hardliner frente a Erdogan, atuando como cabo eleitoral para o seu parceiro, amigo e candidato a tomar o lugar de Merkel: Martin Schulz.

 

 

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