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Todos os caminhos levam a Berlim

Obama escolhe Merkel para seu último telefonema como Chefe de Governo

Na manhã de uma sexta-feira que ficará na memória de futuras gerações como o dia da morte da princesa Diana (1997), o dia do ataque as torres do World Trade Center (2001), a imprensa alemã divulga uma nota tanto de grande simbologia como  também um com um toque de melancolia. Como disse  Renato (Russo): "O que que vem né gente?" ou o Leão do Norte, Lenine: "Ningúem faz idéia de quem vem lá". Sim, porque no caso do D.T. ninguém sabe mesmo. Entramos hoje num túnel sem saber quando vislumbraremos a luz no fim dele.

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Por Fátima Lacerda
Atualização:

No seu último dia integral como presidente dos EUA, Obama garantiu Angela Merkel uma nota nos livros de protocolo da Casa Branca, como sendo a última Chefe de Governo para quem telefonou.

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Bradd Jaffy, editor do NBC Nightly News publicou, na íntegra, a carta divulgada pela Casa Branca.

"O presidente e a primeira-dama conversaram, por telefone, com a chanceler alemã e seu marido o Pr. Dr. Joachim Sauer para celebrar a amizade pessoal mútua e no esforço em estreitar as relações entre os EUA e a Alemanha nos últimos 8 anos.

O presidente agradeceu a chanceler Merkel por sua forte, corajosa e firme liderança.

O presidente e a chanceler concordaram que estreita cooperação entre Washington e Berlim, entre os EUA e a Europa são essenciais para assegurar a robusteza do Tratado Transatlântico, uma regrada ordem nacional e a defesa de valores que contribuiu tanto para os nossos países e ao redor do mundo.

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Considerando os oito anos de parceria, o presidente considerou apropriado que seu último telefonema com um Chefe de Governo estrangeiro fosse com a chanceler Merkel. O presidente também a desejou o melhor para o que está pra vir".

Ironia histórica

No auge do tsunami político em que, gracas a Edward Snowden e os arquivos por ele disponibilizados ao jornal inglês "The Guardian" e ao jornal americano "The Washington Post" contendo detalhadas informações sobre a espionagem da Agência Nacional de Segurança"(NSA) praticada contra 122 chefes de governo espalhado pelo mundo. Na lista de grampos telefônicos constava a chanceler Merkel que teve seus telefonemas meticulosamente grampeados desde 2002. E a espionagem nao foi dirigida "somente" à ela, mas se estendia a todo o aparato do governo em Berlim e provavelmente aos 80 milhões de alemães, como prova um documento veiculado, na sequência, pelo portal Spiegel Online.

O mais crasso capítulo de uma amizade cheia de altos e baixos é que o Serviço Secreto Alemão (BND, na sigla) também era parceiro nessa empreitada e tinha um espião, Markus R. que encaminhou mais de 200 documentos para seu empregador, a CIA americana.Ou seja, o governo americano sabia, em detalhes, de todas as medidas tomadas ou planejadas membro de cargos do governo em Berlim.

No meio de toda essa salada, assim quis a ironia do acaso que uma visita oficial de Obama, anteriormente e meticulosamente marcada caísse exatamente durante esses dias de terremoto político. Logo Merkel que tem o Tratado Transatlântico como a menina dos olhos, a espinha dorsal de sua percepção política, levando uma facada deste calibre pelas costas.

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Também no ápice do escândalo, uma das poucas declarações de Merkel à imprensa sobre essa "pauta" foi: "Nós somos parceiros e uma parceira como essa só pode ser baseada na confiança e por isso eu repito, espionagem entre amigos é inaceitável"

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Obama, já em sua visita em Berlim, declarou: "Quando eu quero falar com Angela Merkel, eu ligo pra ela".

Em sua visita a Berlim, novembro passado, para dizer ,,Auf Wiedersehen", na coletiva de imprensa, já em formato de despedida melancólica, especialmente por parte dos jornalistas, o presidente fez o gesto (veja foto no início do texto) em que ratificou que a ,,Conexão Obama-Merkel" continuará mesmo depois de sua saída da Casa Branca. Nesta mesma época, em entrevista à TV aberta alemã, Obama garantiu que voltará a Berlim "junto com Michelle para fazer turismo".

O programa de sátira política Extra 3 do conglomerado de emissoras abertas, ARD, não mediu sarcasmo em uma canção feita especialmente para o "Casal 20" da política mundial com o título: "Você mentiu pra mim 1000 vezes". Como o sarcasmo é uma linguagem mundial, não se faz obrigatório do domínio da língua de Schiller e Goethe para entender o humor ácido dos redatores do programa.