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Todos os caminhos levam a Berlim

Votação do Impeachment: a reação na mídia alemã

Spiegel Online

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Por Fátima Lacerda
Atualização:

O portal fez da votação a sua manchete principal na manhã de segunda-feira (18). O site esquerdista liberal publicou, no final da manhã (horário local)  matéria do correspondente Jens Glüsing, radicado no Rio de Janeiro. Em matéria titulada "A revolta dos Bonzinhos", ele afirma. "O congresso brasileiro mostra a sua verdadeira face. A maioria dos parlamentares não votou somente pela suspensão da presidenta Dilma Rousseff. Usando métodos mais do que questionáveis, ele conduziram o "Navio Brasil para uma rota de direita. A maioria dos parlamentares mencionaram suas famílias e Deus no momento da votação." Em tom de severa crítica, o correspondente menciona o momento de votação do deputado Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ) e seu louvor ao seu "companheiro" Carlos Alberto Brilhante Ustra, ex-comandante do DOI-Codi-SP entre 1970 e 1974-. "Perderam em '64. Perderam agora em 2016" e ainda exclamou: "Pela memória de Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff!", exclamou. A declaração causou "não só" constrangimento em parlamentares presentes, mas gerou imediata ira nas redes sociais.

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http://www.spiegel.de/politik/ausland/brasilien-parlament-stimmt-gegen-dilma-rousseff-die-analyse-a-1087707.html

Manager Magazin

A edicao digital titula: "Dilma está prestes a ser suspensa". "A votação foi acompanhada de comemorações frenéticas quando o voto número 342 foi anunciado. Cada parlamentar fazia uma declaração antes de se expressar contra ou a favor. Até chegar ao momento decisivo, a votação que não poupou em emocionalidade, durou 5 horas."

Sobre o crime de responsabilidade do qual é acusada a presidente, o artigo menciona en passant as críticas sobre o programa social "Bolsa Família" e sobre o empréstimo feito pela presidenta a bancos públicos, sem que o congresso tenha sido informado.

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http://www.manager-magazin.de/politik/weltwirtschaft/brasilien-praesidentin-rousseff-verliert-abstimmung-zur-amtsenthebung-a-1087697.html

Die Welt - O mundo

O jornal pertencente ao conglomerado midiático da polêmica editora Axel Springer Verlag, publica em artigo do jornalista Tobias Käufer incluindo vídeo contendo imagens obsoletas. Nele, a presidenta Dilma aparece ao lado do vice, Michel Temer (PMDB), na época, ainda sorridente e solícito. O vídeo, que se tornou um "diferencial" na presença online do jornal também exibe cenas da posse da presidente mesclado partes do pronunciamento vinculado no internet na noite de sexta-feira (15). A voz em off no vídeo declara que "nem mesmo megaeventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos apaziguaram os brasileiros que se posicionam contra o governo". Como legenda ao pronuncialmente de José Eduardo Cardozo, advogado-geral da União frente à imprensa logo depois do resultado da votação, o portal inseriu no vídeo legenda errônea com a escrita  "Generalstaatsanwalt", o que em alemão significa Promotor de Justiça. O portal considera "fácil o caminho para a suspensão" da presidenta e presume que ela não estará presente na abertura dos Jogos Olímpicos (5 a 21 de agosto).

http://www.welt.de/politik/ausland/article154457113/Brasilien-erteilt-der-korrupten-Politik-Elite-eine-Lektion.html

Noticiário de TV - Tagesschau

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No principal noticiário às 20 horas na ARD, conglomerado de emissoras e rádio e TV, foi vinculada na noite de domingo, antes da votação, o processo de Impeachment e complementando com a frase: "A presidenta se vê confrontada com acusações de corrupção", o que não confere, já que as acusações à Dilma Rousseff são por crime de responsabilidade no contexto de sua campanha eleitoral em 2014. Inusitado para um noticiário que é marcado pela seriedade, a matéria pecou pela falta de diferenciação e de exatidão nas informações, mesmo que as mesmas não compusessem a parte principal do noticiário. O Brasil é distante demais para a mídia alemã. São poucos os canais de comunicação que prezam o diferencial, especialmente num caso de caráter mil folhas como ße o processo de impedimento. Além do mais, a crise dos refugiados e a dramaticidade que a envolve está sempre batendo na porte. Mesmo assim, para um noticiário da reputação, foi descuidado já que fica uma impressa de que Brasil e Corrupção é tão natural e previsível assim como goiabada com queijo ou Eisbein e chucrute. Exatamente porque os casos de corrupcao sao inúmeros a abrangem várias camadas das sociedade, que é preciso diferenciar.

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Die Taz

Já o jornal berlinense e esquerdista titula a manchete da edição online: "Corrupto contra corrupto: o parlamento em Brasília votou: eles querem derrubar a presidenta Dilma Rousseff por acusações de corrupção. Isso é absurdo", constata Andreas Behn, correspondente do jornal na América do Sul. "Todo o procedimento é uma farsa. Nem mesmo pelo crime de responsabilidade a presidenta é acusada, mas porque os partidos de oposição e ex-parceiros de coalizão querem o poder" e ainda acrescenta: "Os partidos de oposição não representam nem mesmo um conteúdo político e muito menos oferecem alternativas. Eles acusam o governo de tudo o que é possível enquanto, da forma mais irresponsável possível, fazem vista grossa para o clima de ódio que, há tempos, rege no país.

http://www.taz.de/Kommentar-Votum-in-Brasilien/!5296182/

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