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De Beirute a Nova York

A Guerra da Síria está péssima em abril de 2013 e deve ficar bem pior em breve

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Por gustavochacra
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A Guerra Civil permanece em um impasse, não há perspectiva de queda de Bashar al Assad, de derrota da oposição ou de estabilidade no futuro próximo. O conflito deve prosseguir por meses e possivelmente anos independentemente do que fizer a comunidade internacional.

Em meio a ameaças da Coreia do Norte, morte de Hugo Chávez e o atentado em Boston, a Guerra Civil da Síria ficou em um segundo plano nas últimas semanas e apenas agora voltou a ganhar destaque com as informações israelenses de que o regime de Assad teria usado armas químicas. Além disso, a violência atinge patamares cada vez mais estratosféricos, similares aos observados nos conflitos no Líbano nos anos 1980 e no Iraque pouco tempo atrás.

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Apenas nos últimos dias, há relatos de um massacre nos subúrbios de Damasco cometido pelo regime e sequestro de dois arcebispos em Aleppo realizado pelos rebeldes.

O regime mantém o controle de Damasco, embora com alguns atentados terroristas cometidos pela opositora Frente Nusrah, ligada à Al Qaeda, na cidade. A costa Mediterrânea segue estável, longe do conflito. Tartus e Lataquia são oásis de defensores do regime, assim como algumas vilas nas montanhas litorâneas. Homs e Hama também estão nas mãos das forças de Assad, mas conflitos são constantes em bairros das cidades.

Aleppo é um palco de guerra, com a cidade dividida. O restante da Província está com diferentes facções da oposição, da mesma forma que outras áreas nas fronteiras com o Iraque e a Turquia. Os curdos são praticamente autônomos em certas regiões do país.

Na fronteira com a Jordânia, a oposição vinha avançando nos últimos meses em áreas próximas a Daara, mas o regime reagiu recentemente. As operações contra Assad, quando e se começar a esperada batalha de Damasco, viriam desta região, usando a Jordânia como base.

Os EUA, embora tenham afirmado que poderiam intervir se o uso de armas químicas for comprovado, preferem manter a cautela. A estratégia ainda é ajudar logística e financeiramente as facções da oposição que supostamente não possuam ligação à Al Qaeda. Também há um temor sobre o futuro do arsenal químico se Assad cair. Os americanos não querem que os armamentos sejam herdados pelo Hezbollah e muito menos por facções rebeldes como a Frente Nusrah.

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Assad, por sua vez, seguirá lutando porque, quanto mais tempo durar o conflito, mais a oposição tende a se radicalizar. Assim ele poderá continuar dizendo que os rebeldes são terroristas da Al Qaeda, ganhando mais apoio doméstico e mantendo o da Rússia. O Ocidente também ficaria mais cauteloso, especialmente depois da intervenção na Líbia, que abriu as portas para milícias radicais - ontem mesmo a embaixada da França foi alvo de atentado.

Os opositores externamente tentam se organizar. Houve enorme avanço da coalizão opositora, apesar da decisão de Moaz Khatib de deixar o cargo. Seu sucessor, George Sabra, um cristão esquerdista, é polarizador, e não agregador, como seria necessário neste momento.

O próximo passo da Coalizão Opositora será tentar administrar os territórios sírios que já estão nas mãos dos rebeldes. Mas não há uma visão clara sobre como derrotar Assad em Damasco e muito menos seus bastiões na costa Mediterrâneo.

A Síria não está mais no começo de sua guerra civil. O fim, porém, está distante, bem distante.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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