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De Beirute a Nova York

A vitória dos imigrantes está próxima

A questão da imigração se tornou a prioridade da política doméstica dos Estados Unidos em 2013. E, diferentemente de outras questões, como a reforma do sistema de saúde quatro anos atrás e a regulamentação do porte de armas, começa a emergir um enorme consenso a favor de encontrar uma solução para os 11 milhões de imigrantes vivendo no país em situação ilegal.

Por gustavochacra
Atualização:

Conforme disse o presidente Barack Obama ontem em Las Vegas, "a boa notícia é que, pela primeira vez em muitos anos, os republicanos e democratas estão prontos para lidar juntos com este problema".  Tanto o governo quanto alguns membros da oposição, como os senadores John McCain e Marco Rubio, defendem um processo que, no fim, pode culminar na cidadania.

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Primeiro, estes imigrantes precisariam pagar multas e impostos. Em segundo lugar, devem apresentar uma ficha criminal limpa. Além disso, haveria a necessidade de aprender inglês. Depois de concluído este processo, poderiam tentar o direito de residência e posteriormente a cidadania. Mas ficariam no fim da fila, atrás de todas as pessoas que tentam conseguir legalmente o direito de imigrar para os EUA.

Há consenso também entre os democratas e parte dos republicanos sobre a concessão de vistos de permanência para jovens estrangeiros que concluam estudos nas áreas cientificas e tecnológicas. Por último, as pessoas que vieram para cá trazidas pelos pais quando crianças, conhecidas como Dreamers, poderiam permanecer no país, conforme política já implementada por Obama no ano passado.

Existem, claro divergências e obstáculos. Os senadores republicanos querem que, antes de mais nada, a segurança na fronteira seja reforçada. Apenas depois desta garantia, seria facilitada a questão da imigração. Eles temem que, com a facilidade para a permanência, muitas pessoas tentem entrar nos EUA ou deixem seus vitos expirar sem irem embora. Outro problema é a oposição na Câmara. Os deputados republicanos tendem a ser bem mais reticentes do que os senadores do partido. De qualquer maneira, o avanço em um ano é enorme.

As mudanças ocorreram devido à mobilização dos hispânicos a favor de Obama nas eleições. Não por admirarem o presidente, que deportou um recorde de 1,5 milhão de imigrantes. Mas por uma grande insatisfação com as políticas propostas por alguns pré-candidatos republicanos nas primárias.

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Agora, além do presidente realmente passar a priorizar o assunto, vozes moderadas entre os republicanos, como as de Rubio, McCain e da família Bush, tradicionalmente associada aos hispânicos, e dos libertários ganharam força em detrimento do conservadorismo de certas alas do Tea Party.

Como bem colocou Obama, a não ser por uma fração da população americana (os nativos indígenas), todas as outras pessoas vieram de outro lugar. Por que deveria ser diferente com os atuais imigrantes sem documentos, em sua maioria hispânicos? Uma pena que ele e os opositores republicanos tenham esperado tempo.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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