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De Beirute a Nova York

Ainda dá tempo de impedir que a Guerra da Síria atinja o Líbano

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
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Escrevi na semana passada e falei na TV que a Síria não tem solução no curto prazo. Todas as estratégias para superar a crise fracassarão e teremos Guerra Civil. Mas ainda dá para evitar o alastramento para o Líbano antes que seja tarde.

Meu irmão, Robert Chacra (sim, texano, acreditem), acabou de celebrar os dez anos de casado com uma viagem para Beirute e outras regiões libanesas. Obviamente, o país dos cedros ainda encanta por ser um dos mais sofisticados, cosmopolitas e maravilhosos do mundo. Mas há tensão no ar.

Primeiro, a quantidade de refugiados sírios andando pelas ruas é alarmante. Aos poucos, pode começar a lembrar os palestinos dos anos 1970 e todos sabem o que aconteceu depois. Em segundo lugar, apesar de ter crescido 5% em 2011, graças à remessas do exterior, a economia tende a sofrer com a crise no país vizinho.

Mais grave é o cenário para os alauítas da região de Trípoli, no norte do Líbano - não confundam com a capital da Líbia. Eles são uma minoria dentro da cidade e vivem separados dos sunitas ironicamente por uma rua chamada "Síria". No passado, houve choques na segunda maior cidade libanesa.

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Agora, de acordo com o que o meu irmão apurou e relatos de outras fontes com quem converso no Líbano, eles apenas não são alvo de um massacre porque o Exército libanês os protege. Mas até quando? E, na Síria, os alauítas, que são uma vertente ultra-liberal em questões sociais do islamismo (e é a religião de Assad) correm um risco cada vez maior de genocídio no futuro.

Hoje ninguém fala. Mas ao longo da Guerra Civil síria começarão falar que "precisamos proteger os alauítas e os cristãos". Eu falo hoje. Protejam os alauítas e os cristãos antes que seja tarde. E não permitam que a Guerra Civil se espalhe para o Líbano. Ainda dá tempo.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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