Os israelenses, com os militares no poder no Cairo, voltam a se sentir seguros. O Sinai havia se transformado em praticamente terra de ninguém desde a queda de Hosni Mubarak. Certamente, com o Exército no comando, os dois países voltarão a trabalhar conjuntamente para garantir a segurança na fronteira e também na Faixa de Gaza.
Assad, por sua vez, verá mais um de seus adversários deixar o poder antes dele e deve estar se divertindo ao acompanhar a CNN e a Al Jazeera. Além disso, a Irmandade Muçulmana apoiava abertamente a oposição síria. Com a crise no Egito, o líder sírio poderá argumentar que a estabilidade em Damasco apenas pode ser garantida pelo seu regime.
O Hamas, que se distanciou do Irã e de Assad por se aliar aos rebeldes na Síria, se enfraquece porque a Irmandade Muçulmana havia se tornado a principal aliada na região - com o dinheiro do Qatar, é verdade. Agora, o grupo palestino tende a se sentir isolado novamente.
A oposição síria usava, em parte, a Irmandade Muçulmana como símbolo. A maior partes dos rebeldes sírios é religiosa, de viés sunita conservador, que lutacontra um regime laico. Exatamente como no contexto do Egito, embora no Cairo não exista uma guerra civil.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires