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Primeiro, as forças de Assad são incomparavelmente mais poderosas do que as milícias opositoras. Esta história de Free Syrian Army é exagero, segundo afirma relatório da consultoria de risco político Eurasia. Quem está lutando é uma série grupos locais desorganizados que não tem muito o que fazer diante de uma das máquinas mais repressoras do Oriente Médio. Verdade, eles estão sendo armados, mas ainda é insuficiente para enfrentar os tanques do regime.
Em segundo lugar, a oposição não domina praticamente nenhuma parte da Síria. Tirando certos bairros de Homs, que estão em guerra civil, mesmo subúrbios da capital aos poucos voltam para controle do regime. Damasco e Aleppo estão completamente nas mãos da Assad.
Terceiro, o líder sírio desfruta de enorme apoio na Síria. Verdade, grande parte se deve à propaganda oficial. Mas mesmo assim muitos sírios defendem a repressão que já deixou 6 mil mortos. Tem gente em Damasco, inclusive, que acha que Assad deveria ter agido com mais dureza, como o seu pai, Hafez, que matou 20 mil em algumas semanas no massacre de Hama, nos anos 1980. Acreditem, no mundo, muitas pessoas adoram ditadores.
Quarto, as minorias cristãs e alauítas encaram a atual crise como a de sobrevivência de suas religiões na Síria. Eles o tempo todo observam o que aconteceu com os cristãos caldeus e mesmo os sunitas no Iraque, e com os cristãos coptas no Egito.
Quinto, Assad tem o apoio da Rússia, do Iraque e do Irã. Estes países são poderosos e influentes no Oriente Médio. E, mesmo entre eles, costumamos criticar Teerã e Moscou, mas esquecemos de Bagdá. O atual governo iraquiano é quem mais está dando suporte para Assad reprimir os opositores e burlar as sanções impostas por europeus, americanos e países do Golfo.
Sexto, nenhum embaixador, general ou ministro rompeu com o regime em quase um ano. É um cenário totalmente diferente da Líbia.
As consultorias de risco político e também acadêmicos como Joshua Landis, o maior especialista em Síria dos EUA, descartam que Assad caia no curto e médio prazo. Alguns dizem que ele consegue se manter até 2013. Eu acho cedo para dizer e a situação pode mudar nos próximos meses. De qualquer forma, falar que "Assad está próximo da queda", como faz a Casa Branca, é "wishiful thinking", segundo disse o diretor da agência de risco Stratfor.
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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios