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De Beirute a Nova York

Como a intervenção da Rússia fortalecerá Assad?

Por gustavochacra
Atualização:

A intervenção aberta da Rússia na Guerra da Síria, fortalecendo o regime de Bashar al Assad, pode ser um divisor de águas no conflito. Mais importante, dentro do atual cenário com centenas de milhares de refugiados chegando à Europa e a ameaça crescente de organizações como o ISIS (Grupo Estado Islâmico ou Daesh) e a Frente Nusrah (Al Qaeda na Síria), os países europeus, os EUA e mesmo as nações do Golfo não devem impor obstáculos.

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Desta forma, Assad, que vem sofrendo perdas ao longo deste ano, tende a voltar a se fortalecer. Os russos se somarão ao Irã e ao Hezbollah, ampliando a força do regime. O objetivo inicial será evitar o avanço do ISIS, da Frente Nusrah e de outros grupos rebeldes para as áreas controladas pelo regime de Assad, que incluem a faixa de Damasco, passando por Homs e Hama, até a sólida costa Mediterrânea, onde estão Tartus e Latakia - com expressivas populações cristãs e alauítas, normalmente favoráveis a Assad ou, pelo menos, anti-oposição.

Em uma segunda etapa, o regime, com a ajuda dos russos, tentará controlar totalmente Aleppo - atualmente a cidade, segunda mais importante da Síria, está dividida. Recuperar a Província de Idlib não será uma tarefa fácil, mas também entrará na agenda. As áreas controladas pelos curdos, que mantêm neutralidade em relação a Assad, não serão alvo de operações militares.

Os territórios do ISIS, mais distantes, seguirão como alvo principalmente da coalizão comandada pelos EUA. Apenas no caso de vitórias em Aleppo e Idlib, o regime tentaria prosseguir em direção a Raqqa.

Noto que o cenário é extremamente fluído. Não dá para cravar que a estratégia russa de fortalecer Assad dará certo. No fim do ano passado, a avaliação era de que o líder sírio estava mais fortalecido do que nunca. Com a chegada do rei Salman ao trono saudita, Riad aumentou a intervenção no conflito, fortalecendo a Frente Nusrah e outros grupos rebeldes radicais, enfraquecendo Assad. A tendência é mais uma mudança com o maior envolvimento russo. Mas não se sabe até quando.

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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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