Primeiro, Cruz e Rubio dizem que mudarão a Embaixada dos EUA de Tel Aviv para Jerusalém. Em segundo lugar, defendem que Jerusalém seja reconhecida como capital eterna e indivisível de Israel. Terceiro, chamam a Cisjordânia de Judéia e Samaria e consideram esta região, majoritariamente palestina e considerada território palestino na ONU, como parte de Israel. Quarto suspenderão a ajuda financeira para a Autoridade Palestina.
Estas medidas seguramente radicalizariam os palestinos, fortaleceriam o Hamas, provocariam revolta entre aliados fundamentais na região como a Jordânia e a Turquia e isolariam os EUA em relação à Europa. Por último e mais importante, eliminariam qualquer possibilidade de solução de dois Estados. As únicas alternativas seriam conceder cidadania israelense aos palestinos, colocando em risco a maioria judaica no país, ou formalizar um Estado de apartheid no qual palestinos seriam cidadãos de segunda classe - isolando Israel ainda mais na comunidade internacional.
O líder nas primárias republicanas, Donald Trump, embora com posições totalmente absurdas no combate ao terrorismo e à imigração ilegal, é um pouco mais maduro em Israel-Palestina. Defende a solução de dois Estados, diz que manterá a neutralidade e tentará negociar a paz. Praticamente igual a Hillary Clinton, líder das primárias do Partido Democrata.
O também democrata Bernie Sanders, que é judeu e passou um tempo em um kibbutz em Israel quando era jovem, apoia a solução de dois Estados, mas critica abertamente o governo de Benjamin Netanyahu.
Sanders representa o pensamento tradicional de parte da comunidade judaica americana, bem mais liberal (no sentido americano de progressista) do que a maior parte dos americanos. São majoritariamente a favor do direito ao aborto, criticam a desigualdade social, defendem o casamento gay, temem as mudanças climáticas e querem mais restrições aos armamentos. Cerca de 80% dos judeus votaram em Obama.
Há uma parcela conservadora da comunidade judaica, sem dúvida. Mas Sanders é de um tempo que Israel era o sonho da esquerda mundial. Hoje mudou e Israel tem defensores como Rubio e Cruz, não Sanders. Judeus como Sanders amam Israel, mas não vêem problema em criticar o governo israelense. Assim como muitos aqui amam o Brasil e não vêem problema em criticar o governo brasileiro. Israel não é apenas Netanyahu, assim como o Brasil não é apenas Dilma.