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De Beirute a Nova York

Dá para fazer uma ligação entre os atentados no Kuwait, Tunísia e França?

Hoje ocorreram três atentados terroristas. Um na Tunísia, com 27 mortos. Um na França, com um morto. E um no Kuwait, com 13 mortos. São três nações que, ao contrário da Síria e do Iraque, não estão em guerra. São estáveis, com diferentes graus de democracia.

Por gustavochacra
Atualização:

A França é uma das mais tradicionais nações democráticas do Ocidente. A Tunísia se tornou um país democrático durante a primavera árabe. O Kuwait é uma monarquia constitucional que, ao contrário das tiranias monárquicas ao seu redor, possui um Parlamento eleito democraticamente.

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Aparentemente, os três ataques foram inspirados pelo ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. Não teria sido diretamente o grupo (a não ser no Kuwait, talvez) pois este não possui atuação clara fora da Síria e do Iraque, a não ser, em escala mínima, na Líbia.

Se os algozes podem ter similaridades, as vítimas não têm. No Kuwait, os alvos foram membros da minoria xiita; na Tunísia, turistas, incluindo estrangeiros; na França, a pessoa que estava na hora errada no lugar errado. No Kuwait, os xiitas faziam as orações do Ramadã em uma mesquita; na Tunísia, aproveitavam as férias de verão no Mediterrâneo; na França, trabalhavam.

Na década passada, os atentados terroristas eram organizados pela Al Qaeda e tinham uma potencialidade bem maior, como vimos no 11 de Setembro, nos metrôs de Londres, nos trens de Madri e na boate em Bali. Agora, são banalizados. São os lobos solitários, com uma ligação tênue a grupos terroristas como o ISIS e mesmo a Al Qaeda.

O terrorismo virou como aquele trombadinha que mata para roubar um celular. Está banalizado. Quando o crime fica banalizado, como no Brasil ou no México, a pessoa mata para roubar. Não há um código como a Máfia italiana ou de Nova York, que matava, mas jamais por uma carteira. E estas tinham uma estrutura, sendo mais simples para as autoridades de segurança combater do que os trombadinhas que agem sozinhos sob efeito de drogas.

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É isso que tem acontecido com o terrorismo. As organizações não planejam mais mega atentados por meses, treinando os terroristas. Hoje, lobos solitários decidem matar de uma hora para a outra, com base em uma ideologia imbecil, seja esta do wahabismo ou da supremacia branca.  Não á fácil combater esta forma de terrorismo. A outra forma do terror, dos grandes atentados, vem sendo derrotada.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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