PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

Dá para levar a sério a eleição na Síria?

Não, não dá para levar a sério, conforme afirmei no meu comentário no Jornal das Dez da Globo News de ontem. Uma série de obstáculos impostos pelo regime impedem que opositores sérios disputem a eleição contra a Bashar Al Assad. Ao mesmo tempo, precisamos levar três pontos em consideração.

Por gustavochacra
Atualização:

Primeiro, dá para realizar eleições em países em guerra. Acabou de acontecer uma no Afeganistão e também já foram realizadas no Iraque. Ambas tiveram o apoio dos EUA. O regime também controla os principais centros populacionais, embora partes de Aleppo e de Homs ainda estejam nas mãos de rebeldes.

PUBLICIDADE

Em segundo lugar, mesmo se houvesse eleições genuinamente democráticas, Assad seria favorito. Parte da população o odeia, parte o ama e parte, mesmo não gostando dele, acha que seria a sua única opção neste momento devido ao radicalismo da oposição. Isso inclui tanto as minorias cristãs, alauítas e drusas, assim como as classes médias sunitas mais laicas. Lembrem também que muitas pessoas gostam de regimes autoritários, como pode-se ver com Pinochet no Chile anos atrás.

Por último, a Síria certamente não é democrática. Mas ninguém reclamou que, há uma semana, a Argélia realizou uma eleição não democrática para manter no poder o Bouteflika, no comando do país há mais tempo do que Assad e teve 87% dos votos. A Arábia Saudita possui um regime geriátrico no qual poder passa de irmão para irmão e as mulheres não possuem quase nenhum direito. Nos Emirados Árabes, não se vota nem para síndico.

Eleições relativamente livres no mundo árabe ocorrem em quatro países - Líbano, Tunísia, Iraque, Líbia e, em menor escala, Yemen. E pode-se considerar como democráticos e com liberdade total o Líbano e a Tunísia.

Apenas comentários do post do dia ou do post prévio serão publicados

Publicidade

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

Acompanhe também meus comentários no Globo News Em Pauta, na Rádio Estadão, na TV Estadão, no Estadão Noite no tablet, no Twitter @gugachacra , no Facebook Guga Chacra (me adicionem como seguidor), no Instagram e no Google Plus. Escrevam para mim no gugachacra at outlook.com. Leiam também o blog do Ariel Palacios

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.