Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

De NY a Washington - Irã, Iraque, Irene

 no twitter @gugachacra

PUBLICIDADE

Por gustavochacra
Atualização:

O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, e o governador de Nova Jersey, Chris Christie, souberam mostrar liderança ao comandarem os preparativos para o furacão Irene. Desde sexta, venho acompanhando o trabalho dos dois. Tomam medidas enérgicas, são decisivos e demonstram confiança para os moradores da cidade e do Estado vizinho, que acabam se sentindo mais seguros.

PUBLICIDADE

A decisão de fechar o metrô, adotada por Bloomberg, assim como a ordem para evacuar cerca de 370 mil moradores, não é simples em uma cidade como Nova York. Verdade, pesou o fiasco do próprio prefeito na nevasca do Natal. Mas isso não tira o mérito dele como líder que soube assumir os erros e corrigi-los na oportunidade seguinte. Tampouco o de Christie, indo na porta das casas para convencer os moradores a buscarem refúgio em áreas com menor risco.

Líderes, os dois não têm medo de remar contra a maré quando sabem ser em benefício da população. Tampouco precisam ser populistas. Em um país onde cresce a islamofobia, eles defenderam publicamente os muçulmanos uma série de vezes, sendo inclusive premiados ou elogiados por entidades árabes e islâmicas.

Barack Obama, por sua vez, parece medroso em suas iniciativas. Daria um ótimo diplomata ou parlamentar, mas não exerce liderança. Há algumas semanas, fez um discurso sobre a crise financeira dos EUA que quase deu vergonha alheia. Ele precisa citar Warren Bufett para defender um argumento. O tempo de seus discursos históricos já passou. Bloomberg e Christie falam por eles próprios. Podem não ser grandes leitores de teleprompter, mas sabem se dirigir para a população.

Em um momento em que os Estados Unidos lutam para voltar a crescer, com a União Européia em crise e com transformações no Norte da África e no Oriente Médio, seria importante que os americanos e mesmo o resto do mundo tivessem um líder mais forte e decisivo.

Publicidade

No Iraque ou no Afeganistão, Obama sempre precisa citar seus generais ou assessores quando toma uma decisão. Parece não partir dele. Sobre o Irã, não sabemos direito qual a política do presidente. Nos meios diplomáticos, dizem que ele realmente teria apoiado as negociações do Brasil e da Turquia com Ahmadinejad. Hillary Clinton, sem consultá-lo, teria repudiado o acordo devido à célebre foto de Lula, Erdogan o presidente do Irã. O líder americano, contrariado, preferiu ficar quieto a enfrentar a sua secretária de Estado.

Este texto de hoje é de opinião e vem muito da minha percepção pessoal. Sei que muitos discordarão. Mas, diferentemente do Obama, não tenho medo de dizer que o Bloomberg e o Christie me passaram mais segurança nestes dias do terremoto do que o presidente e, para não deixá-lo sozinho, o governador Andrew Cuomo, bem menos carismático do que o pai.

Sei que muitos defenderão o Obama porque ele é mais popular no Brasil do que nos EUA. Isso apesar de ele ser o presidente que menos se interessa pela América Latina nos últimos tempos. Um presidente que não fala o básico de espanhol - Bush se comunicava bem nesta língua. O Bloomberg, apesar do sotaque, teve a preocupação de tentar se expressar para a população hispânica de Nova York, além de criar um site com informações em onze línguas sobre o furacão.

Sigam a cobertura da Líbia em tempo real no Estadão. E também no site do Portal do Estadão sobre o 11 de Setembro. Leia ainda o Radar Global 

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

Publicidade

O jornalista Gustavo Chacra, correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.