PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

De Beirute a Nova York

TEERÃ (ÚLTIMO EPISÓDIO) - Os interesses do Brasil, dos EUA, da China e dos outros na questão iraniana

Alguns dividem o mundo em blocos, como Ocidente, mundo islâmico, africanos, latinos e outras denominações raciais e geográficas. Outros preferem ver o mundo como um conjunto de Estados nacionais, onde cada nação defende os seus próprios interesses ou, em alguns casos, do regime que a governa.

Por gustavochacra
Atualização:

A segunda linha tende a fazer mais sentido e explicaria, por exemplo, a aliança da Alemanha com o Japão na Segunda Guerra, dos alemães com os Otomanos na Grande Guerra ou de Cuba com a União Soviética na Guerra Fria. Também facilita o entendimento do conflito pelas Malvinas/Falklands entre ingleses e argentinos em 1982.  A questão iraniana também pode ser explicada através do realismo. Basta pegar alguns dos personagens principais e entender.

PUBLICIDADE

EUA - Até hoje, os americanos são traumatizados pela tomada da Embaixada em Teerã, quando eclodiu a Revolução Islâmica. Também ligam, apesar da falta de provas conclusivas, os iranianos aos atentados contra os marines e a Embaixada em Beirute, no início dos anos 1980. Estas imagens se consolidaram na cabeça da população americana. Sem falar que o judaísmo, nos EUA, com seus cerca de 6 milhões de seguidores, desfruta de enorme simpatia. E ninguém tolera Mahmoud Ahmadinejad questionando o Holocausto. Portanto, os EUA temem um Irã nuclear.

IRÃ - Os iranianos, especialmente os que estão no poder, guardam rancor dos americanos pela derrubada Mohammed Mossadegh, eleito democraticamente premiê iraniano nos anos 1950, derrubado do poder em golpe patrocinado pela CIA. Posteriormente, os EUA apoiaram a sanguinária ditadura do xá Reza Pahlevi. Atualmente, o regime de Teerã viu os EUA invadirem e matarem centenas de milhares de pessoas nos seus dois vizinhos - a oeste no Iraque, a leste, no Afeganistão. Obviamente, o Irã pretende ter a capacidade de desenvolver a bomba atômica para se defender.

OS OUTROS - E temos os coadjuvantes. A Rússia tem negócios com o Irã, mas passou a enxergá-los como rivais no mercado de gás para a Europa e mudou a sua posição sobre sanções. Antes, os russos controlavam o setor. Agora, os iranianos fizeram um acordo para construir um gasoduto através da Turquia. Desta forma, também dá para entender a posição dos turcos, que, além disso, buscam ampliar a sua posição no Oriente Médio. A China preferia o Irã intacto para continuar comprando petróleo, mas os EUA ofereceram vantagens em determinados pontos das relações econômicas com Pequim, que aceitou uma nova resolução. Israel também teme o Irã por motivos não muito diferentes dos EUA, assim como a França e a Inglaterra.

BRASIL - O Brasil tem interesses comerciais com os iranianos. Mas isso apenas não explicaria a posição brasileira. O governo considera hipócrita a política nuclear dos membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, que possuem armas atômicas e tentam, ainda assim, intensificar as inspeções em países como o Brasil no novo Tratado de Não Prolirefaração (TNP).

Publicidade

Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes

O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

Leia os blogs dos correspondentes internacionais do Estadão -?Ariel Palacios (Buenos Aires) - http://blogs.estadao.com.br/ariel-palaci... -?Patricia Campos Mello (Washington) - http://blogs.estadao.com.br/patricia-cam... -?Claudia Trevisan (Pequim) - http://blogs.estadao.com.br/claudia-trev... -?e Adriana Carranca (pelo mundo) - http://blogs.estadao.com.br/adriana-carr...

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.