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De Beirute a Nova York

Diálogo com o Irã beneficiaria Obama na eleição?

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Por gustavochacra
Atualização:

Meu comentário sobre a situação no Líbano no Jornal das Dez da Globo News pode ser visto aqui

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Em uma gigantesca surpresa para a comunidade internacional, os Estados Unidos e o Irã concordaram em levar adiante negociações bilaterais sobre o programa nuclear iraniano, de acordo com autoridades do governo Barack Obama citadas em relatos anônimos no New York Times.

Mas, antes de seguir adiante, é importante deixar claro que a Casa Branca, por meio de um porta-voz, disse que a informação publicada no jornal "não é verdadeira". Honestamente, neste caso, tendo a ficar com o New York Times, ainda mais lembrando que a publicação, em editoriais, abertamente apóia a candidatura do presidente à reeleição.

Caso a notícia seja correta, este será o maior acontecimento diplomático envolvendo o Irã ao longo dos últimos anos, pode alterar completamente o cenário no Oriente Médio ou ser apenas mais um jogo de cena dos iranianos para ganhar tempo. O certo, por enquanto, é a provável inclusão do tema no debate presidencial nesta segunda-feira, que abordará justamente temas de política externa.

Estas negociações com o Irã, ainda não confirmadas pelo regime de Teerã, podem, por um lado, beneficiar Obama pois indicaria que as duras sanções econômicas estão surtindo efeito e, além disso, os EUA ou Israel não precisariam levar adiante uma ação militar contra as instalações militares americanas.

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Romney, por sua vez, poderá argumentar aos eleitores que o Irã, com o anúncio, busca apenas ganhar tempo para seguir adiante com seus planos de desenvolver armamentos atômicos e a concessão seria uma vitória para o aiatolá Khamanei. Além disso, não está claro se ele seguiria com o diálogo caso seja eleito.

Na minha avaliação, embora eu seja favorável à iniciativa do presidente de dialogar com o Irã, o republicano claramente levaria vantagem eleitoralmente. Afinal, será fácil acusar Obama de fraco ao concordar em dialogar com um regime que apóia Bashar al Assad na Síria, o Hezbollah no Líbano e desrespeita os direitos humanos internamente. Isso, claro, sem falar nas ameaças do governo iraniano a Israel. Falando nos israelenses, como Benjamin Netanyahu veria este diálogo?

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade ColumbiaTambém é comentarista do programa Em Pauta, na Globo News. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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