Mesmo a cidade espanhola, uma das mais celebradas do Mediterrâneo, não pode ser comparada às metrópoles israelense e libanesa. Difícil encontrar dois lugares tão vibrantes, com banqueiros, artistas plásticos, diretores de cinema, médicos. São cidades na vanguarda da culinária, das artes e das finanças.
O problema está no entorno. E em como estas duas sociedades liberais e cosmopolitas ignoram - ou tentam ignorar - os radicais que vivem ao lado. O embaixador da Noruega em Tel Aviv deixou claro que seu país não tem nada contra Israel. Apenas contra a ocupação israelense dos territórios palestinos.
Pregar a destruição de Tel Aviv é inaceitável. O que criticam são os assentamentos na Cisjordânia. O Líbano tampouco é condenado por ter suas baladas, bancos e culinária entre as melhores do mundo. O problema está nos armamentos do Hezbollah.
Visitei o sul mais uma vez nesta semana. E não entendo o argumento da organização xiita para carregar armas. Israel desocupou o Líbano, apesar de ainda manter presença em pequenas áreas disputadas entre sírios e libaneses. Não há necessidade mais de manter todo aquele arsenal. Afinal, o que o Hezbollah quer agora? Destruir Tel Aviv? Se o fizer, estará automaticamente destruindo Beirute, pois haveria uma duraresposta israelense.
Israel seria melhor sem os assentamentos. E o Líbano também teria mais estabilidade se o Hezbollah - e todas as outras milícias, incluindo cristãs, druzas e sunitas - fossem desarmadas. A defesa libanesa deve ser feita pelo Exército. Se os membros do Hezbollah querem defender o Líbano, que sejam integrados às Forças Armadas.
A elite libanesa de Beirute também dava festa, tomava sol na praia, bebia vinhos, consumia em lojas, namorava e viajava para Paris em 1975 e 2006. E enfrentaram duas guerras. Agora, nas ruas elegantes de Ashrafyeh, com suas igrejas, à mais emergente e sunita Verdun, passando pela Cartier e Fendi no centro e mesmo o complexo Al Saha na xiita Dahieh, a capital libanesa parece mais uma vez preparada para ocupar o posto de destino mais atraente do Mediterrâneo Oriental. Mas, assim como nos anos anteriores, um novo conflito pode jogar o Líbano de volta para a realidade do Oriente Médio
Encontro de final de ano do blog
Local: Empório Alto dos Pinheiros (o segundo andar está reservado somente para nós)
Endereço: Rua Vupabussu 305 (ao lado da Igreja da Cruz Torta), Pinheiros, São Paulo
Dia: 11 de dezembro
Horário: a partir das 14 hs
Comanda Individual: cada um paga só o que consumir
Participantes: este ano o encontro será familiar. Levem seus convidados
Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes
O jornalista Gustavo Chacra, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia, é correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo em 2009, empatado com o blogueiro Ariel Palacios