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De Beirute a Nova York

Drones aumentam o ódio aos EUA?

Veja meu comentário sobre os Drones no Globo News Em Pauta

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Por gustavochacra
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Os bombardeios com Drones, como são conhecidos os aviões não tripulados, aumentam o ódio aos Estados Unidos no Paquistão e no Yemen, que são os países alvejados por estes ataques. A afirmação foi feita ontem por um jovem iemenita ao Congresso dos EUA, em Washington, acentuando um debate já existente sobre o uso deste armamento.

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No mesmo dia, a organização de defesa de direitos humanos Human Rights Watch lançou uma campanha para tentar banir o uso dos "robôs assassinos", que é uma denominação muito utilizada pelos opositores ao uso dos Drones nos Estados Unidos.

Até o início deste ano, o debate sobre os Drones era restrito à academia e ocasionais matérias no New York Times. Em março, porém, o senador republicano Rand Paul, de viés libertário, decidiu levantar esta questão no Senado americano em votação para aprovar John Brennan, conhecido como o "pai dos Drones", para dirigir a CIA.

Paul frisava que a administração de Barack Obama mata seres humanos, incluindo cidadãos americanos, com o simples argumento de eles serem combatentes inimigos. Esta classificação permite aos EUA eliminar ou prender supostos terroristas ao redor do mundo sem leva-los para a Justiça.

A estratégia de usar os Drones visa enfraquecer a Al Qaeda no Paquistão e no Yemen, onde estão os seus dois principais braços, e é uma alteração em relação à política de George W. Bush, que preferia a detenção. Basicamente, como dizem nos EUA, Bush "prendia e torturava" enquanto Obama "mata".

Os resultados em contraterrorismo são ambíguos. Por um lado, dezenas de líderes da Al Qaeda foram afetados. A organização terrorista tem menos capacidade de organizar mega atentados como no passado, a não ser em cenários de guerra civil, como na Síria. Ao mesmo tempo, estas ações têm radicalizado muçulmanos que podem ficar mais propensos a lançar ataques mesmo sem uma aliança direta com a rede de Bin Laden.

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Além disso, entre os mortos, há muitos suspeitos de envolvimento com o terrorismo ou figuras que possuem ameaça apenas local. Apenas para se ter uma ideia, dos 166 prisioneiros em Guantánamo atualmente, apenas seis foram considerados culpados. Imagina-se que uma proporção semelhante de vítimas dos Drones sejam inocentes equivocadamente acusados de terrorismo.

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Para completar, nos bombardeios, por mais que tenha havido avanços nas operações, muitos civis inocentes, incluindo mulheres e crianças, acabam morrendo como efeito colateral destes bombardeios.

Hoje, os EUA são o único país a utilizar Drones para bombardeios. Mas, em breve, muitos outros países passaram a usar domestica e externamente, incluindo o Irã, Rússia e China. Isso sem falar de organizações como o Hezbollah, que já possui aviões não tripulados para espionagem. A guerra no futuro tende a ser entre robôs. Mas as vítimas serão seres humanos.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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