Não é apenas o regime de Bashar al Assad que utiliza estrangeiros na Guerra Civil da Síria. Na oposição, a presença de cidadãos de outros países também é enorme e muito mais diversa do que no caso das forças de Damasco.
O regime conta com o apoio do Hezbollah especificamente na batalha pela cidade Qusayr, estrategicamente situada entre a fronteira do Líbano e a cidade de Homs, terceira maior do país. Este local é fundamental para Assad porque garantia a segurança desta área ligando Damasco à Costa Mediterrânea, que são áreas controladas por ele. Para a oposição, pois é um canal de conexão com o Líbano para contrabandear armas. E para o Hezbollah por ficar próxima a Hermel, no lado libanês, um de seus principais bastiões no Vale do Beqa. Além disso, o grupo libanês necessita de Assad para manter seu canal de abastecimento com Teerã, pois o território sírio serve de entreposto.
Há também militares iranianos atuando na Síria. Não dá para confirmar se eles estão no campo de batalha ou atuam apenas logisticamente e para treinamento das forças sírias. O Irã, assim como a Rússia e o Iraque, armam o regime sírio pois seus interesses estão em jogo no conflito.
Entre as dezenas de grupos armados da oposição, há cidadãos de quase todo o mundo árabe e islâmico. Há pessoas da Líbia à Tchetchênia. É praticamente impossível determinar quantos seriam. A maioria deles é extremista islâmica, adotando interpretações radicais do islamismo sunita. Nações como o Qatar e a Arábia Saudita os armam abertamente, enquanto outras, no Ocidente, o fazem de forma clandestina por meio de seus serviços secretos.
Portanto os dois lados usam estrangeiros e também buscam armas no exterior. Não há diferenças em suas táticas. E é certo usar estrangeiros na Guerra Civil da Síria? Os dois lados avaliam que sim e continuarão usando, independentemente do que disser o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires