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De Beirute a Nova York

Eleições do Egito hoje lembram as do Brasil em 1989, com islamistas no lugar do de esquerdistas

no twitter @gugachacra

Por gustavochacra
Atualização:

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As eleições do Egito hoje lembram as do Brasil em 1989. Há candidatos para todos os gostos, de antigos integrantes do regime a ex-perseguidos políticos. A população festeja a chance de votar e escolher seu líder. Mais importante, o medo persiste sobre como será o futuro do país depois de décadas sem liberdade.

A criminalidade, com seqüestros e roubos, no Cairo atual não se diferencia da de São Paulo e do Rio de 23 anos atrás. Os egípcios ainda vivem em uma época em que é natural jogar lixo pela janela dos carros e desrespeitar a faixa de pedestres. Nós também éramos assim. A economia enfrenta uma grave crise desde a eclosão da Primavera Árabe, ainda que sem uma estagflação como a brasileira na década de 1980.

No Brasil, em 1989, muitos votaram contra Lula e Brizola porque temiam que o país seguisse o mesmo rumo de Cuba. Hoje, no Cairo e em Alexandria, votam contra Mohamad Morsi, da irmandade, e Abou Fotouh, supostamente um islamista liberal, porque temem que eles transformem o Egito em uma Arábia Saudita. Não faltam nem "Mario Amatos" na terra dos faraós.

Outros brasileiros também votaram contra Paulo Maluf, Aureliano Chaves e Fernando Collor por suas ligações com o regime militar. O mesmo se aplica aos egípcios anti-Mubarak, que não querem o ex-secretário-geral da Liga Árabe Amr Mousa e o ex-premiê Ahmad Shafik.

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Figuras históricas a favor da democracia como Ulisses Guimarães tiveram as suas candidaturas cristianizadas. Mohammad El Baradei, no caso egípcio, sequer conseguiu ser candidato.

O Egito de hoje é o Brasil de ontem.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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