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De Beirute a Nova York

Entenda a libertação de prisioneiros palestinos e as novas casas em assentamentos israelenses

Nas questões internacionais, é preciso entender que os principais atores costumam agir de forma racional na maior parte das vezes. Um exemplo seria agora no episódio de Edward Snowden. Os EUA tinham de pedir a sua extradição para Moscou. E os russos tinham de conceder asilo. Os dois jogaram da forma mais racional possível e o resultado era esperado.

Por gustavochacra
Atualização:

No Oriente Médio, Israel e a Palestina também estão agindo racionalmente nos últimos dias. O governo de Benjamin Netanyahu cedeu ao libertar prisioneiros palestinos, incluindo alguns terroristas confessos. Para compensar, autorizou a construção de novas unidades habitacionais em assentamentos judaicos para acalmar a ala mais radical de sua coalizão.

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O governo palestino, obviamente, precisava reclamar este segundo ponto. Isso é o racional. Mesmo Israel sabe. Mahmoud Abbas, presidente palestino, precisa contestar a expansão dos assentamentos. Claro, também deve demandar o máximo possível de presos libertados para conseguir atingir um número satisfatório. Assim, agrada a população palestina e pode seguir nas negociações.

Estes movimentos, portanto, não afetarão, no curto prazo, o diálogo. O mais importante, nestes casos, é manter uma narrativa positiva. No inicio dos Acordos de Oslo, Yitzhac Rabin e Yasser Arafat agiam desta forma, evitando que fatores externos contaminassem o processo.

Tenham certeza, Netanyahu não falará em uma retirada dos assentamentos antes do fim do processo de paz. Prestem atenção nas entrelinhas. Seu porta-voz afirma que ninguém seriamente imagina Maale Adumim como parte da Palestina no futuro. Verdade, isso não ocorrerá. Note, porém, que ele não fala o mesmo de Ariel e se assentamentos no meio da Cisjordânia.

Abbas, por sua vez, já indicou que não almeja voltar para a sua cidade natal, hoje em Israel. Isto significa que, em um acordo, o líder palestino talvez abdicasse do direito de retorno.

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No fim, a solução é óbvia, como escrevo em todos os meus artigos sobre Israel-Palestina. A criação de um Estado independente tendo as fronteiras de 1967 como base. Os principais blocos de assentamentos próximos à fronteira, porém, ficariam com Israel. Em troca, os palestinos receberiam terras em outras áreas. Jerusalém seria uma municipalidade unificada, capital dos dois Estados. No caso palestino, mais simbólica, com a sede da Presidência, mas com a administração e a burocracia ficando em Ramallah, a poucos quilômetros de distância (da avenida Paulista ao Morumbi). Israel reconheceria que muitos palestinos foram expulsos ou obrigados a sair na Guerra de Independência. Mas os refugiados e seus descendentes poderiam voltar apenas para o Estado palestino.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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