A terceira parte da série sobre as eleições dos EUA e o Oriente Médio abordará as posições dos dois candidatos para o Iraque e o Irã.
Iraque
Barack Obama se opôs à guerra desde o início. O candidato democrata afirma que Saddam Hussein não estava envolvido com o 11 de Setembro e tampouco escondia armas de destruição em massa. Para o senador, o conflito no Iraque desviou a atenção do foco principal da Guerra ao Terror que, na visão dele, é o Afeganistão.
John McCain defendeu o conflito e considera o Iraque o mais importante campo de batalha na Guerra ao Terror. Mesmo quando, no ano passado, a invasão americana era considerada um fracasso por grande parte da opinião pública americana e os pedidos para o fim da ocupação ecoavam até entre republicanos, ele se manteve firme e apoiou o "surge" - plano idealizado pelo general David Petraeus para estabilizar o Iraque que consiste no aumento de tropas aliado ao pagamento de ex-insurgentes sunitas para lutar contra a Al Qaeda. A estratégia funcionou, em parte também pela trégua unilateral da milícia xiita de Muqtada Al Sadr.
O candidato democrata admite o sucesso do "surge", mas ainda prefere que os americanos sigam as recomendações do Iraq Study Group, que prevê a retirada das tropas e diálogo com a Síria e o Irã para estabilizar o Iraque. Para o Obama, os iraquianos têm que começar a se responsabilizar mais a segurança do país. No entanto, o senador afirma que consultará Petraeus antes de tomar qualquer decisão. Já o republicano discorda do Iraq Study Group, afirmando que a sua implementação pode fortalecer justamente os inimigos americanos no Iraque.
O futuro presidente terá ainda que levar em consideração o que pensam os iraquianos. Afinal, a partir de agora, com fim do mandato da ONU para a ocupação se aproximando, a prorrogação da ocupação terá que ser negociada diretamente com o governo do Iraque.
Irã
Os dois candidatos têm o objetivo de impedir que o Irã consiga a tecnologia para produzir armas nucleares. Mas as estratégias são diferentes.
Obama afirma que pretende negociar com os líderes iranianos sem pré-condições. Segundo ele, este líder não é o presidente Mahmoud Ahmedinejad, considerado hoje um dos maiores inimigos dos americanos. Mas o democrata não específica nomes. Na hierarquia do regime islâmico do Irã, o posto mais alto é do líder espiritual, hoje ocupado pelo aiatolá Ali Khamanei. Abaixo dele, vem o Conselho de Guardiões. O terceiro na lista é Ahmedinejad. E, em meados do ano que vem, haverá eleições. Especula-se que o atual presidente não estaria disposto a concorrer à reeleição. Caso dispute o pleito, Ahmedinejad terá de enfrentar uma crescente insatisfação popular com a crise econômica por que passa o Irã.
McCain já falou no passado em bombardear o Irã. Mas, recentemente, passou a defender o endurecimento das sanções e negociações em níveis hierárquicos intermediários. O republicano acha inaceitável que os Estados Unidos negociem com Ahmedinejad.