O americano médio não sabe quem é o presidente do Brasil, qual a nossa capital, quem é o Kaká, o nome de qualquer escritor ou cantor brasileiro, o de mais de uma cidade ou o idioma que nós falamos.
Porém, nos Estados Unidos, existem brazilianistas (com "z" mesmo) nas principais universidades - na Columbia, onde estudei, pelo menos cinco - que dedicam a carreira toda a estudar o Brasil. Um deles, Albert Fishlow, é colunista da Folha. Keneth Maxwell, de Harvard, também. Universidades como a Brown possuem mais livros de história brasileira do que qualquer instituição de ensino privada brasileira. No meu mestrado, aqui em Nova York, havia quatro alunos americanos fluentes em português e que moraram no Brasil. O New York Times, o Wall Street Journal e a Newsweek mantêm correspondentes em São Paulo ou no Rio.
Agora, eu peço aos leitores que perguntem a seus amigos. Tirando jogadores de futebol, quais os nomes dos presidentes do Uruguai e do Paraguai; os nomes de pelo menos um escritor de cada um desses países; de um músico; de um ator; de uma atriz; de um pintor; de qualquer político; de mais de duas cidades; suas danças típicas; e o de um jornal local. Vou mais longe e pensem no nome de cinco uruguaios e paraguaios de toda a história. De qualquer atividade, incluindo o futebol.
São dois países que fazemos fronteiras e que temos um acordo de livre comércio. O Uruguai foi parte do nosso território. E nós, brasileiros, cometemos um genocídio do Paraguai e dividimos com eles Itaipu. E não sabemos, na média, nada destes países.