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De Beirute a Nova York

Existem 5 grupos de palestinos e 4 deles não terão benefício com a ida de Abbas à ONU

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
Atualização:

Os palestinos podem ser divididos em cinco grupos, conforme escrevi no passado. Primeiro, existem os palestinos da Cisjordânia. Eles são governados pela Autoridade Palestina e ainda vivem sob a ocupação israelense com cerca de 400 mil colonos morando em assentamentos, sem falar na presença militar. Estes palestinos querem a criação de um Estado poder ter a cidadania de algum lugar.

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O segundo grupo é formado pelos palestinos da Faixa de Gaza. Não há mais assentamentos nem presença militar israelense no território. Porém existe um bloqueio para impedir a entrada de armas que provoca efeitos colaterais para a circulação de outros produtos, incluindo remédios e alimentos. Atualmente, estes palestinos vivem sob o controle de Hamas e não são cidadãos de nenhum lugar.

Os palestinos de Israel compõem o terceiro grupo. Eles possuem cidadania israelense e correspondem a 20% da população. Como minorias em outras partes do mundo, os árabes-israelenses, que podem ser cristãos, muçulmanos ou drusos, reclamam de preconceito e de serem tratados como cidadãos de segunda classe.

A quarta divisão dos palestinos é representada pelos que vivem na Jordânia. Eles possuem cidadania jordaniana. Porém, de uma forma similar aos árabes de Israel, reclamam muitas vezes do tratamento. A diferença é que, por dominarem a iniciativa privada em Amã, compõem a elite do país dominado pela monarquia hashemita.

O quinto grupo é forma pelos palestinos da Síria e do Líbano, com algumas diferenças entre eles. Os que estão em Damasco possuem direito a educação e saúde. São como os demais sírios, mas sem direito ao voto, o que não é lá grande coisa no regime de Assad. Já os de Beirute vivem em situação de Apartheid, sendo tratados como cidadãos de "quinta" classe, vivendo em campos de refugiados e sem poder exercer uma série de profissões.

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A ida da Autoridade Palestina à ONU, como é de se esperar, leva em consideração apenas os interesses dos palestinos da Cisjordânia. Afinal, apenas este o território é administrado pelo presidente Mahmoud Abbas. Em Gaza, continuará como está. A situação dos árabes de Israel pode piorar, especialmente depois de o líder palestino dizer que o futuro Estado não teria judeus - dando o argumento para extremistas em Israel dizerem que seu Estado não terá árabes. Para os palestinos da Jordânia, da Síria e do Líbano, o sonho de voltar para as suas terras não se concretizará. Especialmente se eles forem do que hoje é Israel.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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