Assim como em Honduras e no Paraguai, existe a discussão neste momento sobre se foi golpe ou não o que aconteceu no Egito. Alguns órgãos de imprensa, incluindo o New York Times em editorial, cravam que sim. Outros, como a Associated Press, avaliam que não. Darei, neste post, subsídios para os dois pontos de vista e deixarei aberto para discussões.
Foi Golpe - Mohammad Morsy havia sido eleito democraticamente. Militares o retiraram do poder à força e o colocaram em prisão domiciliar, embora o presidente deposto não tenha cometido crime. Outros membros da Irmandade também foram detidos. O Parlamento, escolhido pelas vias democráticas, foi dissolvido. O novo governo, apesar de ter apoio da população nas ruas e de diferentes representantes da sociedade civil - e queda na popularidade não justifica deposição -, não foi eleito. O novo presidente interino seria um fantoche dos militares
Não foi Golpe - Os militares avisaram com uma semana de antecedência que Morsy deveria agir. Deram um ultimato de dois dias para ele chegar a um acordo com os opositores. Milhões de pessoas estavam nas ruas pedindo a queda do presidente deposto, que teria violado instituições democráticas e liberdades individuais, especialmente de minorias religiosas, ao longo de seu um ano de mandato. As Forças Armadas fizeram questão de colocar em seu lugar um presidente da Suprema Corte, não um general. Foi anunciado que haverá eleições em breve
O que vocês acham? Foi golpe ou não foi golpe?
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires