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De Beirute a Nova York

Israel deveria rever sua política de Relações Públicas

Desculpem o problema técnico no blog. Espero que resolvam o quanto antes

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Por gustavochacra
Atualização:

Meu comentário sobre o Egito no Jornal das Dez da Globo News

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A derrota de Israel nas Relações Públicas apenas não é maior porque poucas pessoas se interessam atualmente pelo conflito entre israelenses e palestinos. Aqui mesmo no blog, este era um tema que despertava paixões até a eclosão da Primavera Árabe no início de 2011. Hoje os comentaristas preferem quando escrevo de Síria, Irã, Obama e Egito.

Ainda assim, chama a atenção a decisão da União Europeia (a organização, não necessariamente os países membros) de boicotar instituições israelenses que atuem na Cisjordânia, Jerusalém Oriental, Faixa de Gaza e Colinas do Golã. O governo do premiê Benjamin Netanyahu protestou. Mas não servirá para nada.

Primeiro, as nações internacionais e órgãos multilaterais têm o direito de agir da forma que quiserem, de acordo com suas próprias regras e tratados. Portanto a União Europeia pode sim decidir boicotar Israel. Em segundo lugar, os israelenses estão em seu direito de protestar. Mas o resultado da equação, óbvio, é que a imagem de Israel continua se deteriorando.

Na guerra do PR, Israel deveria difundir, como já faz de certa forma, a sua impressionante indústria farmacêutica, seus avanços tecnológicos (vejam os óculos que permitem os cegos enxergarem desenvolvidos por Israel!), sua cultura e uma série de outras qualidades que tornam esta uma admirável nação.

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Ao mesmo tempo, o status quo atual não é ruim para Israel em termos realistas. Afinal, os militares voltaram ao poder no Egito e o Hezbollah e o Irã arrumaram novos inimigos na Síria. A Palestina anda calma e a vida segue normalmente.

O problema é que, cada vez mais, veremos ações como a da União Europeia contra Israel. E o isolamento tenderá a crescer. Nos EUA, um dos nomes mais fortes para disputar a presidência pelo Partido Republicano, Rand Paul, não demonstra nenhuma simpatia pelos israelenses. Hillary Clinton, provável candidata democrata, tampouco é uma aliada ferrenha como outros políticos americanos.

Além disso, hoje a Turquia e o Qatar são os grandes defensores dos palestinos, não o Irã e a Síria. Em termos de relações públicas, são dois adversários bem mais complexos. Um é uma democracia. O outro estampa a sua marca até na camisa do Barcelona. Para completar, são aliados americanos.

E o que fazer? Bom, a solução, como todos sabemos, é a criação de um Estado palestino na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Os blocos de assentamento próximos da fronteira ficariam com Israel. Em troca, os palestinos receberiam terras em outras áreas. As colônias como Ariel, mais profundas, ficariam na Palestina e seus moradores judeus teriam a opção de receber a cidadania palestina ou viver como estrangeiros sob a soberania dos palestinos. Jerusalém seria uma municipalidade unificada e capital dos dois Estados. A sede da Presidência palestina ficaria na parte oriental, com a administração permanecendo em Ramallah. Israel reconheceria que muitos palestinos foram expulsos ou obrigados a fugir na Guerra de Independência. Em troca, os refugiados poderiam retornar para o novo Estado palestino, mas não para o que hoje é Israel.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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