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De Beirute a Nova York

Madaya seria um campo de concentração dos dias de hoje?

Madaya, na Síria, se tornou praticamente um campo de concentração nos dias modernos. Os habitantes desta pequena cidade síria, não muito distante da fronteira com o Líbano, ficaram no centro do conflito entre as forças do regime de Bashar al Assad, com o apoio de seus aliados do Hezbollah, e rebeldes da oposição em uma guerra na qual todos os lados envolvidos cometeram crimes contra a humanidade. Por meses, as forças do regime e da organização xiita libanesa bloquearam Madaya, impedindo que passasse comida e remédios. Os habitantes muitas vezes tiveram de comer grama para conseguir se alimentar. O objetivo do regime era convencer os rebeldes, baseados na cidade e que estão longe de serem "moderados", sendo muitas vezes ligados à Al Qaeda, a se renderem através de um estrangulamento coletivo. Ao menos 32 pessoas morreram de fome neste cerco. O mais surreal é que Madaya não fica tão longe de Damasco, onde, nas áreas controlados pelo regime, as pessoas seguem normalmente suas vidas, indo a igrejas e mesquitas e a cinemas e festas, tomando arak e chá. Não os culpo. No Brasil, as pessoas também seguem suas vidas apesar dos mais de 50 mil homicídios por ano (número equivalente aos mortos por ano na guerra da Síria). Guerras não ocorrem o tempo todo em todos os lugares, como muitos imaginam. Mas, para os habitantes de Madaya, foi o tempo todo justamente no lugar que eles moram. Hoje, finalmente, a ajuda humanitária conseguiu entrar na cidade.

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Por gustavochacra
Atualização:

Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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