Para conseguir o suporte da população saudita, MBS busca liberalizar um pouco a sociedade. Tem funcionado e ele é popular, especialmente entre os jovens. Autorizou as mulheres a dirigirem e a irem a jogos de futebol. Mas longe de tentar deixar a Arábia Saudita uma nação tolerante. Seguirá sendo machista, com um pouco mais de liberdade. Talvez na linha do Kuwait ou de Bahrain. Também mantém a estratégia do país de diversificar a economia, reduzindo a dependência do petróleo.
O apoio externo vem dos EUA e de Israel ao adotar uma radical posição contra o Irã. O problema é que as três iniciativas de MBS para bater de frente com o regime de Teerã tem fracassado. No Yemen, as forças sauditas bombardeiam alvos civis, matando centenas ou mesmo milhares de pessoas. Impõem um bloqueio ao país que pode matar outras dezenas de milhares. Ainda assim, é incapaz de derrotar os houthis, aliados iranianos. No Líbano, forçou o premiê libanês, Saad Hariri, tradicional aliado da Arábia Saudita, a renunciar para romper o governo de coalizão com o Hezbollah e os cristãos da Frente Patriótica Nacional do presidente Michel Aoun. Pressionado pela França e pelos EUA, acabou liberando o retorno do primeiro-ministro a Beirute - e Hariri suspendeu a sua renúncia, deixando claro que só o havia feito antes porque foi obrigado. Por último, seu boicote ao Qatar também fracassou.
Ainda assim, MBS tende a ser um dos atores mais importantes do Oriente Médio no médio prazo. Israel e os EUA devem ter cuidado com ele. Os israelenses souberam manter a cautela e não se envolver em um conflito com o Hezbollah, como queriam os sauditas. O foco de MBS agora é convencer Trump não apenas a abandonar o acordo nuclear assinado entre as grandes potências e o Irã - quer que os EUA travem uma guerra contra o regime de Teerã, maior rival da Arábia Saudita.