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De Beirute a Nova York

Não há ninguém para salvar a Síria

Bashar al Assad fez mais um discurso ontem dizendo o que qualquer um acompanhando a Síria imaginava. Falou de novo em eleições (ele acha que venceria em 2014), nova Constituição e negociação com opositores não envolvidos em violência. Honestamente, esperar mais do que isso era sonho. Obviamente, depois de comandar um regime que matou milhares de pessoas - não 60 mil, afinal neste número também estão incluídas as vítimas mortas pelas milícias da oposição -, o líder sírio não vai de repente virar democrata.

Por gustavochacra
Atualização:

Não é segredo para nenhum leitor deste blog que eu acho impossível qualquer solução para a Síria. Acho que muitas milhares de pessoas morrerão até surgir um novo ponto de equilíbrio, ainda muito distante. Este pode ser uma vitória do regime, uma nova ditadura secular, um Estado islâmico, uma democracia de viés islâmico, uma democracia liberal, uma democracia sectária como a libanesa atualmente, a partilha da Síria em vários Estados e, mais provável na minha opinião, a divisão do território em líderes de guerra nos moldes da Somália de anos atrás ou do Líbano dos anos 1980.

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O certo, para mim, é que os sírios gostavam da estabilidade do regime de Assad, apesar da falta de liberdade. Muita gente gosta de ditaduras, inclusive no Brasil, no Chile e na Argentina, conforme escrevi aqui certa vez. Mas o líder sírio não consegue hoje dar mais estabilidade para ninguém e sua popularidade se esvaiu. Por outro lado, ninguém na oposição emergiu como uma figura capaz de produzir esta estabilidade. Imaginei que Manaf Tlass, o ex-general e respeitado por todos que desertou em meados do ano passado, fosse cconseguir. Errei e ele fracassou.

Enfim, a não tem jeito. Se eu fosse sírio a favor do regime, me mudaria para Tartus. Se fosse a favor da oposição, iria para a Jordânia.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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