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De Beirute a Nova York

Netanyahu ajudou os EUA e o Irã a chegarem a um acordo?

Há uma semana, escrevi sobre os riscos do novo radicalismo de grupos ligados à Al Qaeda e de como a tendência poderia ser os EUA se aproximarem do Irã e da Síria, inimigos desta rede terrorista, no futuro. O texto tinha o título de O Verdadeiro Inimigo dos EUA, Israel, Irã e Arábia Saudita.  Hoje o título da matéria na capa do New York Times é Jihadists gain in Turmoil across the Middle East Vejam que, quem lê este blog, muitas vezes está uma semana na frente do New York Times. Quer dizer, até mais do que isso, pois desde quando estive na Síria em outubro de 2011 alerto para o crescimento do jihadismo na oposição síria e de perseguições a cristãos e outras minorias.. Na época, diziam que eram todos pacifistas

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Por gustavochacra
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A posição dura de Benjamin Netanyahu e dos sauditas contra o acordo dos EUA e grandes potências com o Irã ajudou o presidente iraniano Rouhani a ceder mais e também a calar seus adversários mais conservadores dentro do regime de Teerã? Isto é, o premiê israelense teria sido benéfico para o acordo?

Primeiro, na questão das concessões. Sem dúvida o Irã cedeu mais porque Israel manteve na mesa a possibilidade de uma ação militar preventiva contra as instalações nucleares iranianas. Esta postura abriu espaço para o presidente Barack Obama agir como o bonzinho que estava segurando o aliado. Certamente, pesou na decisão iraniana, pois havia, por exemplo, o risco de Israel bombardear a usina de plutônio de Arak caso as construções nesta instalação não fossem suspensas

Em segundo lugar, a oposição de Israel ao acordo ajudou Rouhani a vender internamente as suas concessões. Afinal, se os israelenses foram contra, significa que os iranianos estariam ganhando. Logicamente, reduz o discurso de membros mais conservadores do regime de Teerã contrários ao acordo.

Portanto, por incrível que pareça, Netanyahu ajudou e muito no acordo das Grandes Potências com o Irã. Mas deixo a pergunta sobre uma especulação - o governo de Obama e o de Netanyahu, em coordenação indireta com o de Rouhani nas negociações secretas, teriam criado toda esta cena para fortalecer o novo presidente do Irã domesticamente em Teerã e ao mesmo tempo enfraquecer o discurso de seus rivais conservadores? Se sim, foi uma jogada genial.

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 Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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