Em 2003, depois de os EUA derrubarem Saddam Hussein, no Iraque, e o Taleban, no Afeganistão, o regime do Irã, através do embaixador da Suíça em Teerã, fez a seguinte proposta à administração de George W. Bush, segundo o professor Trita Parsi em seu livro "A Single Roll of Dice", sobre a diplomacia do governo Obama
- Fim do apoio ao Hamas e ao Jihad Islâmico e pressão para eles suspenderem os ataques a Israel
- Desarmamento do Hezbollah, transformando o grupo libanês apenas em um partido político
- Assinatura do Protocolo Adicional do Tratado de Não Proliferação Nuclear (nem mesmo o Brasil é signatário)
- Liberdade de inspeções intrusivas em seu programa nuclear
- Cooperação no combate à rede terrorista Al Qaeda
- Apoio na estabilização do Iraque
- Reconhecimento de Israel nas fronteiras pré-1967 e normalização das relações entre os dois países
Em troca, o Irã queria
- Envio de membros do Mujahedin-e Khalq, uma organização anti-Irã considerada terrorista pelos EUA (os iranianos enviariam membros da Al Qaeda em troca)
- Fim das sanções no longo prazo (isso mesmo, não precisava ser imediatamente)
- Direito de o Irã ter acesso a tecnologia nuclear, biológica e química para fins não militares
- Reconhecimento dos interesses geopolíticos do Irã na região
Colin Powell, então secretário de Estado, e uma série de membros do governo Bush apoiaram o acordo. Mas prevaleceu no fim a posição do vice-presidente Dick Cheney e do então secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, que foram contra. Eles disseram que não negociam nada com o regime dos aiatolás
Depois de os EUA dizerem não,
- o Irã elegeu o extremista Mahmoud Ahmadinejad, no lugar do reformista Mohamad Khatami
- o Hezbollah travou uma guerra contra Israel
- o Hamas dominou Gaza e mantém ataques de foguetes diários contra os israelenses
- o Iraque entrou em guerra civil e milhares de americanos morreram
- o Irã seguiu em direção das armas nucleares
- o conflito entre israelenses e palestinos ainda não tem solução
Honestamente, não havia uma proposta melhor do que esta iraniana. E, detalhe, esta era a oferta inicial. Os americanos poderiam barganhar
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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios