São ambos puristas, com convicções fortes. Pode-se concordar ou divergir deles. E, com as vitória de ontem em Wisconsin e o fortalecimento de ambas candidaturas, demonstram como muitos eleitores buscam, atualmente, candidatos ideologicamente puros. Moderados perderam força, diferentemente, por exemplo, de 2012, onde Barack Obama, centrista para padrões democratas, e Mitt Romney, centrista para padrões republicanos, disputaram a presidência. Na verdade, o mesmo vale para todas as eleições presidenciais desde 1992, sempre com moderados nos dois lados (Clinton-Bush, Clinton-Dole, Bush-Gore, Bush-Kerry, Obama-McCain).
Claro, Cruz e Sanders não são favoritos para disputarem a Presidência pelos seus partidos. Donald Trump, com um perfil mais populista, lidera entre os republicanos. E, cada vez mais, cresce a possibilidade de uma convenção aberta do partido e a escolha de um outro nome, como o de Paul Ryan, presidente da Câmara dos Deputados e de perfil mais moderado. Hillary Clinton, entre os democratas e de posições centristas, deve ser a candidata.
Isso não impede, porém, de observarmos o fenômeno dos puristas Sanders e Cruz. Ambos divergem em absolutamente tudo e representam parcelas expressivas da sociedade americana que se sentem como o verdadeiro EUA.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires