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De Beirute a Nova York

O verdadeiro inimigo de Irã, Israel, EUA e Arábia Saudita

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Por gustavochacra
Atualização:

O maior inimigo do Irã, dos EUA, de Israel, da Arábia Saudita, de Assad, do Hezbollah, dos governos da Tunísia, da Líbia e dos sunitas seculares do Cairo, de Damasco e de Beirute são as organizações terroristas salafistas (ou takfiris) que hoje dominam não apenas os principais grupos rebeldes da oposição síria e milícias líbias, como também cometem atentados como os da semana em Beirute contra a Embaixada do Irã, explodem bombas diariamente no Iraque e agora até no Egito. Em breve, podem atingir Israel.

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Estes grupos não são distintos daqueles que constituíam a Al Qaeda no Afeganistão nos tempos de domínio  do Taleban. Agora possuem bases na Síria, em áreas controladas pelos rebeldes, no Sinai, na Líbia, em diversas regiões do Iraque e no norte do Líbano. Não há como atingi-los com Drones, como os EUA fazem no Yemen e na fronteira do Paquistão com o Afeganistão.

Milhares ou mesmo de dezenas de milhares de guerrilheiros salafistas se espalharão pelo mundo, cometendo atentados terroristas na Europa e nos EUA. O Brasil, com a Copa do Mundo, e a Rússia, com as Olimpíadas de Inverno, precisam ficar em alerta. São alvos potenciais de ataques terroristas, com uma probabilidade bem maior de ocorrer no território russo do que no brasileiro.

Aliás, no Brasil, em vez de se preocuparem com xiitas libaneses trabalhando em Foz do Iguaçu, deveriam prestar atenção em brasileiros que se converteram ao islamismo através de clérigos radicais que têm chegado ao país e se distinguem muito dos tradicionais, e moderados, xeques sunitas e xiitas de origem sírio-libanesa. Eles vêm da Arábia Saudita com uma agenda bem mais radical.

Diferentemente da Al Qaeda no passado, com Bin Laden, não há lideranças claras nestas organizações. Às vezes, pode ser um tchetcheno com base perto de Aleppo na Síria ou um líbio no Sinai. É um cenário talvez até pior do que o do 11 de Setembro, por ser ainda mais fragmentado. Se morrer um líder rebelde na Síria de viés salafistas da Frente Nusrah ou do ISIS, surgirá outro no dia seguinte. O mesmo se aplica a milícias líbias.

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A única saída seria uma ampla coalisão composta por EUA, Israel, Egito, Turquia, Irã e Arábia Saudita para combater esta nova ameaça. A chance de guerra entre nações, nos dias de hoje, se reduziu abruptamente. Quase todos os conflitos são de organizações contra governos ou entre  diferentes grupos. Veja os exemplos do Hezbollah contra Israel e dos rebeldes sírios contra Assad.

Sem dúvida, pode parecer ingênuo este argumento acima. Afinal, como fica o conflito entre o Hezbollah e Irã contra Israel e/ou Arábia Saudita? Na prática, hoje, o Hezbollah está infinitamente mais preocupado com seus inimigos na Síria e no Líbano do que com os israelenses.

Como alertou um dos comentaristas do blog, o financiamento destes grupos vem muitas vezes de facções dentro monarquias do Golfo Pérsico. Estes governos, como o saudita, são fragmentados entre os membros da famílias, que possuem diferentes agendas. Mas, ainda assim, na prática, a Arábia Saudita tem sido uma aliada no combate ao terrorismo global, embora seja conivente com grupos takfiris no Iraque e na Síria.

Muitas alianças podem e tendem a mudar nos próximos anos no Oriente Médio. 

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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