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De Beirute a Nova York

Obama acerta ao não se envolver na Guerra da Síria

Sei que sou acusado de pegar no pé de Barack Obama. Mas hoje vou elogiá-lo. O líder americano tomou a decisão correta ao discordar das recomendações do Pentágono, do Departamento de Estado (Hillary) e da CIA para armar os rebeldes sírios. O presidente sabe dos riscos de colocar armas nas mãos de grupos pouco conhecidos, mesmo que houvesse um processo para tentar escolher os supostamente mais responsáveis entre os opositores ao regime de Damasco.

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Por gustavochacra
Atualização:

O argumento para armar facções rebeldes não ligadas à Al Qaeda afirma que, sem os armamentos, será difícil derrotar as forças de Bashar al Assad. Concordo e Obama certamente também concorda. Em segundo lugar, grupos laicos teriam mais poder de fogo do que facções extremistas islâmicas e, uma vez derrubado o regime, tenderiam a ter mais condições de assumir no Assad. Também concordo, assim como Obama.

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Mas, embora estes argumentos sejam fortes, Obama expôs com propriedade para a New Republic os motivos de não querer intervir na Síria, mesmo que seja apenas armando os opositores. Concordo com ele.

"In a situation like Syria, I have to ask, can we make a difference in that situation? Would a military intervention have an impact? How would it affect our ability to support troops who are still in Afghanistan? What would be the aftermath of our involvement on the ground? Could it trigger even worse violence or the use of chemical weapons? What offers the best prospect of a stable post-Assad regime? And how do I weigh tens of thousands who've been killed in Syria versus the tens of thousands who are currently being killed in the Congo? Those are not simple questions."

Note que o presidente não defende Bashar al Assad. Apenas sabe que a guerra civil síria não é uma luta entre o "bem" e o "mal", mas o conflito entre um regime repressor de viés laico contra uma oposição dividida e com amplo envolvimento de radicais religiosos, incluindo facções ligadas à Al Qaeda

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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