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De Beirute a Nova York

Obama e Dilma erraram, na minha opinião (entendo quem discorde), mas não será o fim do mundo

Ontem me perguntaram no Twitter, no Facebook e aqui no blog o que achei da decisão de Dilma. Aqui vai a minha resposta.

Por gustavochacra
Atualização:

 Muitos comparam a decisão de Dilma Rousseff, de adiar a visita de Estado aos EUA, ao cancelamento, por parte de Barack Obama, de encontro com o presidente Vladimir Putin, em Moscou, no início deste mês pelo asilo concedido pelos russos a Edward Snowden.

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 Na verdade, o correto seria comparar a decisão de Dilma com a de Obama em junho deste ano, quando o líder americano concordou em se reunir com o líder chinês, Xi Jinping, na Califórnia. Na época, uma série de reportagens indicavam que a China espionava e até mesmo roubava "propriedade intelectual" dos EUA.

 Desta forma, Obama pôde publicamente expor suas divergências para o líder chinês, que precisou se explicar. Ao mesmo tempo, americanos e chineses puderam discutir importantes temas da agenda bilateral, como Coreia do Norte, laços econômicos e aquecimento global.

 Dilma poderia ter agido da mesma maneira, vindo para Washington. Teria toda a imprensa dos EUA ao seu dispor para expressar toda a sua insatisfação com a espionagem da National Security Agency. Ao mesmo tempo, a presidente teria uma oportunidade para estreitar os laços econômicos bilaterais, tão importantes para os dois países.

 Obama também poderia ter se esforçado mais. Verdade, seu vice Joe Biden, sua assessora internacional, Susan Rice, e seu secretário de Estado, John Kerry, tentaram convencer Dilma. O próprio presidente telefonou para a líder brasileira. Mas, assim como ocorre no Congresso dos EUA, o presidente americano tem dificuldade em escutar o outro lado e acha que seu "carisma" resolve tudo.

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Não resolve. Afinal, embora todo o mundo "espione", como dizem, os EUA foram pegos, assim como a China meses atrás. Se foi pego, precisa se explicar ou pedir desculpas.

Enquanto fica semanas falando da Síria, Obama ignora seus importantes parceiros no continente, incluindo o México e o Brasil. Na sua campanha para a reeleição, o líder americano foi incapaz de citar a América Latina uma só vez.

Apesar do adiamento, a decisão de Dilma não será o fim do mundo para as relações entre EUA e Brasil.

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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