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De Beirute a Nova York

Obama já discursou para árabes, iranianos e turcos, mas ignorou Israel

Barack Obama discursou no Cairo para o mundo islâmico e, acima de tudo, para os árabes. Deu entrevista, pouco depois de tomar posse, para a rede de TV Al Arabyiah. Os iranianos receberam uma mensagem de afeto durante uma celebração persa. O presidente ainda visitou a Turquia, de maioria islâmica, apesar de ser um regime secular.

Por gustavochacra
Atualização:

No Oriente Médio, só faltam os judeus e algumas minorias como a curda. Iranianos, turcos e árabes puderam escutar o que Obama tinha a dizer. Mas, conforme salientou Aluf Benn, colunista do Haaretz, em artigo publicado no New York Times, o presidente dos Estados Unidos ainda não se dirigiu para Israel. Apenas se encontrou com o premiê Benjamin Netanyahu e cobrou o congelamento dos assentamentos. O problema é que não fez um discurso para os israelenses dizendo seus objetivos para alcançar a paz e - importantíssimo para Israel - a segurança, especialmente em relação à ameaça iraniana.

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Esta omissão leva os israelenses, de todo o espectro político, a imaginar que Obama, na sua tentativa de se aproximar do mundo islâmico, deixará o Estado judaico isolado. Para os israelenses, isso é muito grave. A percepção em Tel Aviv e Jerusalém Ocidental é de que a comunidade internacional e a imprensa - inclusive americana - possui um viés pró-palestino. A única segurança deles era o governo dos EUA, que, na visão de Israel, agora também pende para o lado árabe na administração de Obama.

Caso não se dirija aos israelenses e explique exatamente o que quer, Obama isolará a mais fundamental peça em qualquer acordo de paz. Sem Israel, não há paz. E os contrários à paz apenas poderão se fortalecer, com o presidente dos Estados Unidos sendo alvo de ataques racistas.

Não seria complicado organizar uma visita para Israel. Já que almeja tanto a paz, Obama deveria visitar Tel Aviv, para ver a cidade mais avançada do Oriente Médio; Jerusalém, pare tentar entender se dá ou não para dividir; Haifa, para observar os resquícios de uma convivência pacífica; Nazaré, para conhecer melhor a vida dos árabes-israelenses; o Golan ocupado ilegalmente, para verificar a frente síria do conflito; e, claro, assentamentos judaicos na Cisjordânica, Ramallah, Hebron e Nablus. Por questões de segurança, dá apenas para entender que o presidente não visite Gaza. Mas o resto seria obrigação dele. Obama não pode perder Israel. Não adianta puxar-saco na época da eleição para ter o voto judaico. Precisa manter a aliança e o respeito quando assume a Presidência.

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